17/11/2005 - Comunidades
tradicionais realizam ato público neste
final de semana para pedir a titulação
de seus territórios, a garantia de
educação e saúde nas
aldeias e quilombos, e protestar contra a
discriminação racial e a construção
de barragens no rio Ribeira de Iguape.
Neste sábado, 19
de novembro, as comunidades quilombolas e
indígenas do Vale do Ribeira, no sul
do estado de São Paulo, sairão
às ruas da cidade de Registro em uma
caminhada pela titulação de
seus territórios, pelo direito à
educação e saúde nas
aldeias e quilombos, contra a discriminação
racial e contra a construção
de barragens no rio Ribeira de Iguape.
A preocupação
com os impactos da construção
de usinas hidrelétricas no principal
rio da região sobre os modos de vida
tradicionais das comunidades quilombolas e
indígenas tem aumentado nos últimos
meses. No começo de novembro o Estudo
de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do projeto
da UHE Tijuco Alto, a única barragem
cujo processo de licenciamento está
em curso, foi entregue ao Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) pela Companhia Brasileira de Alumínio
(CBA).
O encontro deste final de
semana também tem como objetivo promover
uma reflexão sobre a história
dos povos indígenas e quilombolas e
aprofundar o conhecimento sobre os seus direitos,
além de propor uma discussão
sobre a organização das comunidades
tradicionais para a conquista da cidadania
plena. Existem 12 aldeias Guarani e 50 comunidades
quilombolas em todo o Vale do Ribeira. “Precisamos
que nossos territórios sejam reconhecidos
e demarcados”, diz o guarani Ricardo Silveira,
agente de saúde indígena na
aldeia Pariquera.
As atividades começam
nesta sexta-feira, 18 de novembro, quando
noventa lideranças representando as
comunidades tradicionais da região
se reúnem no Centro Pastoral da Diocese
de Registro para avaliar a situação
do povo negro e indígena no Vale do
Ribeira.
No sábado, os organizadores pretendem
reunir cerca de 1.500 pessoas para a passeata
em Registro. “Vamos deixar claro que nossos
direitos devem ser respeitados. Queremos terra
para plantar, não para alagar”, diz
o quilombola Antônio Carlos Nicomedis,
que lembra que o domingo 20 de novembro é
o Dia da Consciência Negra.
De acordo a liderança
quilombola, 30 caravanas de várias
cidades da região já confirmaram
presença. A concentração
para a caminhada será no trevo da estrada
que leva ao município de Sete Barras,
às 9 horas da manhã.