25/11/2005 - A criação
de gado é um dos grandes vilões
do meio ambiente na várzea amazônica
– mas, ao mesmo tempo, uma das principais
fontes de renda dos ribeirinhos. No Careiro
da Várzea, vizinho a Manaus, as terras
inundáveis durante parte do ano (a
várzea) são 90% do território
e a pecuária leiteira familiar é
principal atividade econômica do município.
Por isso, desde fevereiro
de 2005 (e durante três anos), o projeto
Manejo dos Recursos Naturais da Várzea
(ProVárzea/Ibama) está apoiando
o subprojeto "Melhoria da cadeia produtiva
agropastoril do município", executado
pela Cooperativa Agropecuária Mista
do Careiro da Várzea (Copvárzea).
"É um trunfo você contar
com apoio dos ambientalistas, que tradicionalmente
combatem a pecuária na Amazônia.
Mas nesse projeto estamos justamente desenvolvendo
formas de manejo adequado dos animais, sem
causar danos ao meio ambiente", disse
o gerente local do Instituto de Desenvolvimento
Agropecuário do Estado do Amazonas
(Idam), Ofir de Souza Hage, em entrevista
hoje (25) ao quadro "Meio Ambiente",
veiculado todas as sextas-feiras no programa
Ponto de Encontro , da Rádio Nacional
(Amazônia).
São quase R$ 289
mil de investimento do ProVárzea/Ibama,
que é um subprojeto do Programa Piloto
de Proteção das Florestas Tropicais
do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério
do Meio Ambiente e financiado pela cooperação
internacional. A contrapartida da cooperativa
é de R$ 204,5 mil. A verba já
possibilitou a compra de um carro e uma voadeira
– e está financiando a criação
de um viveiro de mudas de essências
florestais e experiências com inseminação
artificial.
Além disso, há
seis propriedades particulares, distribuídas
por todo o município, que servem como
experimentos de criação do gado
de forma intensiva, utilizando apenas áreas
já degradadas. "Cada propriedade
tem oito hectares com oito piquetes, divididos
por cerca elétrica. O gado vai sendo
transferido para cada piquete. Só no
fim do mês volta ao piquete inicial.
Com a rotatividade, dá tempo para refazer
a pastagem natural, já que a terra
de várzea é bem fértil,
adubada pelos rios", explicou Hage. Esse
sistema abriga até 40 cabeças
de gado e não funciona durante três
meses do ano, no auge das cheias (geralmente,
de fevereiro a abril). Nesse período,
o gado fica solto, nas terras mais altas,
não inundáveis (as chamadas
terras firmes).
A Copvárzea surgiu
há dois anos e tem 34 associados. Na
quarta-feira (23) começou a funcionar
a fábrica de laticínios construída
pela cooperativa, que deve fornecer queijo
para a merenda das escolas estaduais do Amazonas.