23/11/2005 - Comunidades
tradicionais saem às ruas da cidade
de Registro (SP) para pedir a titulação
de suas terras e protestar contra as barragens
no rio Ribeira de Iguape. O ISA acompanhou
o ato público e registrou em ensaio
fotográfico de José Gabriel
Lindoso parte da diversidade socioambiental
de uma das regiões de Mata Atlântica
mais preservadas do País.
A união de dois povos
marcou a manhã do último sábado,
19 de novembro, na cidade de Registro, no
sudeste do estado de São Paulo. Comunidades
guarani e quilombolas do interior e da faixa
litorânea do Vale do Ribeira caminharam
juntas pelas principais avenidas da cidade,
localizada às margens do rio Ribeira
de Iguape, para pedir a titulação
de seus territórios e protestar contra
a construção de barragens no
Ribeira. Saiba mais.
Nenhuma das oito aldeias
guarani da região tem área reconhecida.
"Sem isso não temos liberdade
para implementar projetos que melhorem nossa
vida, como escolas e postos de saúde",
afirma o guarani Angelo Silveira. "Se
as terras produtivas do vale forem inundadas
pelas barragens vai ser ainda mais difícil
termos a demarcação de nossos
territórios. Por isso nossa luta é
a mesma dos quilombolas, temos um sofrimento
comum". A quilombola Olivia Ferreira,
19 anos, concorda. "Quero que nossa vida
melhore, que nossos filhos tenham terra para
plantar e viver em paz. As barragens vão
acabar com tudo de bom que temos nos quilombos".
Das 28 comunidades do Vale do Ribeira identificadas
pelo Instituto de Terras do Estado de São
Paulo (Itesp), apenas cinco têm territórios
titulados.
Os quilombolas e Guarani
compõem a diversidade socioambiental
do Vale do Ribeira ao lado de comunidades
caiçaras e de pequenos agricultores.
Estas populações tradicionais
vivem em uma das regiões mais preservadas
do Brasil. Embora esteja próximo de
duas metrópoles - São Paulo
e Curitiba -, o Vale do Ribeira abriga quase
20% de toda a Mata Atlântica do País.
O ISA registrou parte desta diversidade no
ato público do último fim de
semana.