23/11/2005 - O processo
ainda não era totalmente conhecido
para as raízes das árvores da
Amazônia. Em períodos de seca,
que costumam ocorrer entre julho e novembro,
é comum ocorrer uma redistribuição
da água existente no solo da floresta.
Principalmente durante a noite, quando os
estômatos estão normalmente fechados,
as raízes das árvores é
que são as protagonistas desse reequilíbrio
hídrico. As mais profundas puxam a
água do solo para as camadas mais superficiais
e é esse líquido menos profundo
que é fundamental para o processo de
transpiração das plantas.
Estudo que será publicado esta semana
na edição on-line da Proceedings
of the National Academy of Sciences (Pnas),
e em breve na versão impressa, apresenta
uma nova leitura sobre a distribuição
hídrica provocada pelas raízes
da floresta amazônica. O trabalho teve
a participação de Rafael Oliveira,
do Centro de Energia Nuclear para Agricultura
da Universidade de São Paulo (USP),
em Piracicaba.
Após identificar o processo e desenvolver
um modelo matemático para incorporá-lo
à ecologia, os cientistas verificaram
que, durante a época de seca, a transpiração
da Amazônia, por causa da água
estocada do solo, sobe 40% em relação
ao período mais úmido.
Essa alteração, segundo as estimativas
feitas, é suficiente para que a temperatura
também não aumente tanto durante
o período seco. Dessa forma, dizem
os pesquisadores, está provado que
o funcionamento das raízes da Amazônia
se encontra diretamente relacionado com o
clima regional.
Como ainda os processos de respiração
e fotossíntese são muito influenciados
pela temperatura, toda a cadeia pode ser ainda
mais impactada, por exemplo, se o desmatamento
continuar crescendo.
Sem raízes, esse balanço hídrico
fundamental que ocorre no solo pode deixar
de regular a temperatura da floresta durante
os períodos mais secos. Dessa forma,
o ciclo do carbono da região, que passa
pelos processos fotossintéticos, poderá
ser igualmente alterado.
O artigo Root functioning modifies seasonal
climate, de Jung-Eun Lee, Rafael S. Oliveira,
Todd E. Dawson e Inez Fung, pode ser lido
no site da Pnas, em www.pnas.org.