29/11/2005 - Cerca de 660
espécies da fauna e flora foram encontradas
nas quatro expedições científicas
ao Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque
(Parna), o maior parque de florestas tropicais
do mundo. Entre setembro de 2004 e novembro
de 2005 foram percorridos quase 4.000 quilômetros,
vários deles até então
conhecidos apenas por imagens aéreas.
Cada expedição durou, em média,
21 dias. As intensas semanas de pesquisa geraram
muitas informações sobre a biodiversidade
de um dos locais menos estudados do planeta,
incluindo registros de espécies ainda
não catalogadas no Brasil e animais
ameaçados de extinção.
O objetivo é mapear
a riqueza biológica do local, para
que os dados possam subsidiar as políticas
de conservação e a elaboração
do plano de manejo do Parna. As expedições
foram realizadas por especialistas do Instituto
de Pesquisas Científicas e Tecnológicas
do Estado do Amapá (IEPA), analistas
ambientais do Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
no Amapá (Ibama) com o apoio da organização
não-governamental Conservação
Internacional (CI-Brasil).
Mais de 47 espécies
de mamíferos não voadores, entre
eles a onça-pintada e o macaco cuxiú
(Chiropotes satanas), ameaçado de extinção,
já foram catalogadas desde a primeira
expedição que aconteceu em outubro
de 2004. As quatro expedições
ao Parque Nacional do Tumucumaque registraram
46 das 150 espécies de morcegos conhecidas
na Amazônia. Os pesquisadores encontraram,
ainda, mais de 32 espécies de sapos
e rãs, 27 espécies de lagartos,
24 de cobras, sendo que duas ainda não
haviam sido catalogadas no Brasil.
Para Jucivaldo Lima, herpetólogo
(especialista em répteis e anfíbios),
os números registrados até o
momento colocam o estado do Amapá como
uma das áreas com maior riqueza de
espécies de répteis e anfíbios
na Amazônia brasileira. Segundo a botânica
Adriana Lobão, o que mais impressionou
nas florestas do Parque foi o alto grau de
preservação e a grande diversidade,
com um elevado número de espécies
raras. Foram encontradas espécies de
árvores com até 3,5 metros de
diâmetro.
Enrico Bernard, gerente
do programa Amazônia da CI-Brasil, destaca
a importância dessa iniciativa para
a região. “Essas expedições
fazem parte de um projeto que está
sendo feito no Corredor de Biodiversidade
do Amapá, uma região considerada
por especialistas de extrema importância
para conservação e que até
então, tinha sua biodiversidade pouco
conhecida e pesquisada”.
O Amapá, em relação
a seus vizinhos na Amazônia, é
o estado que tem menor taxa de desmatamento,
muito inferior à média da região.
Cerca de 90% do território tem sua
cobertura vegetal intacta e 56% do estado
encontra-se protegido por unidades de conservação.
O Parque do Tumucumaque,
criado em 2002 para proteger a fauna e flora
da região, localiza-se no noroeste
do estado do Amapá, e tem uma área
de mais de 3,8 milhões de hectares,
o que equivale à superfície
do estado do Rio de Janeiro.
Com um quarto da superfície
do estado, o parque ganhou em novembro a sua
primeira sede administrativa, no município
de Serra do Navio. O terreno, onde foi construído
um complexo de três módulos,
doado pela CI-Brasil à gerência
do (Ibama–AP) e à chefia do parque
nacional, foi cedido pela Prefeitura Municipal
e pelo Governo do Estado. “A sede facilitará
o trabalho da equipe responsável pela
gestão da unidade e contribuirá
para a elaboração de seu plano
de manejo”, explica Edivan Barros, gerente
regional do Ibama em Macapá.
Fortalecer as unidades de
conservação do Amapá,
desde a elaboração de seus planos
de manejo até a construção
de infra-estrutura, é o principal objetivo
das ações realizadas pela parceria
entre as instituições envolvidas
no projeto de implantação do
Corredor de Biodiversidade no estado.