30/11/2005 - As queimadas
detectadas em áreas indígenas
no Pará sem dúvida não
foram provocadas pelas aldeias, mas por invasores
que aproveitam o período seco para
fazerem a roça. A análise é
do técnico indigenista Caetano Ventura,
da Funai (Fundação Nacional
do Índio) de Altamira (PA).
Dados divulgados ontem (29)
pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis)
apontam 492 focos de queimadas no estado.
E três áreas indígenas
entre as atingidas pelo fogo: a do Alto Rio
Guama, no município de Nova Esperança
do Piriá; a de Cachoeira Seca, em Altamira;
e a de Paquiçamba, em Vitória
do Xingu.
A área de Cachoeira
Seca, segundo Ventura, ainda não está
demarcada e a Funai não tem como combater
os invasores. "As roças dos índios
são pequenas e é impossível
detectá-las por satélite",
disse o técnico. Ele lembrou que também
a área de Paquiçamba não
foi demarcada e sofre com os mesmos problemas
de invasões e queimadas.
O engenheiro agrônomo
da Funai de Belém, Rui Ferraz, garantiu
que os limites do território indígena
serão novamente identificados, com
placas indicativas do Ministério da
Justiça e da Funai proibindo a entrada
de estranhos. "Vamos torcer para que,
juntamente com prefeitos dessas regiões,
possamos manter essa terra livre de invasores
e preservar a floresta, o pouco de floresta
que ainda existe", disse.
Ele informou que a região
do Alto Rio Guama foi demarcada em 1993, quando
1.300 famílias não-índias
estavam registradas. Dessas, 80% já
foram indenizadas pelo Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) e saíram das terras. Outras,
explicou, receberam o dinheiro mas voltaram
a ocupar a área, por falta de fiscalização.