Em
referendo realizado ontem, a maioria da população
suíça decidiu pela proibição
por cinco anos do cultivo transgênico
28-11-2005 - Zurique (Suíça)
- Em referendo realizado ontem, a maioria
da população suíça
decidiu por uma moratória de cinco
anos para as plantações geneticamente
modificadas no país. Isso significa
que o cultivo de transgênicos para fins
comerciais será proibido por esse período,
mas campos experimentais ainda serão
permitidos.
“A Suíça,
país natal de uma das gigantes do setor
de transgênicos, a Syngenta, não
quis arriscar sua segurança alimentar
e a saúde de seu meio ambiente e de
seus cidadãos, e optou pela proibição
de cultivos transgênicos”, afirmou Yves
Zenger, do Greenpeace da Suíça.
O sistema legislativo no país é
o único no mundo que permite às
pessoas opinarem sobre a aprovação
ou não de novas leis diretamente em
referendos realizados regularmente.
Pela moratória, produtos
derivados de animais que foram alimentados
com transgênicos poderão ser
importados, mas nova legislação
para regulamentar com mais rigor alimentos
transgênicos e ração animal
ainda deverá ser votada. Hoje, o Greenpeace
Suíça divulgou nova pesquisa
de opinião que mostra que a maioria
dos suíços quer que a moratória
também englobe alimentos transgênicos,
além de serem contra experimentos com
organismos geneticamente modificados. A grande
maioria também quer rotulagem de todos
os produtos derivados de animais alimentados
com produtos transgênicos.
“A Suíça mostrou
seriedade na implantação do
Princípio de Precaução
nos protocolos de biossegurança, ao
contrário do Brasil, que não
consegue sequer implementar a rotulagem, que
é direito essencial do consumidor”,
disse Ventura Barbeiro, engenheiro agrônomo
do Greenpeace Brasil. Por exemplo, haverá
audiência conjunta das comissões
de Meio Ambiente e Direito do Consumidor da
Câmara dos Deputados no dia 8 de dezembro,
para avaliar a denúncia do uso de soja
transgênica no óleo de cozinha,
sem a devida rotulagem, pelas empresas Bunge
e Cargill.
“O Greenpeace espera que
a rejeição da Suíça
aos transgênicos inspire outros países
pelo mundo a dizer 'não' ao uso indiscriminado
de engenharia genética. Também
encorajamos o povo suíço a continuar
a fazer oposição a esse tipo
de tecnologia altamente arriscada. Qualquer
rota possível de contaminação
deve ser fechada, até que as pessoas
possam estar seguras de que não vai
haver transgênicos em seus pratos e
nas suas plantações. Queremos
a produção sustentável
de alimentos, que atende aos interesses da
população, dos fazendeiros e
do meio ambiente”, disse Geert Ritsema, coordenador
da campanha de engenharia genética
do Greenpeace Internacional.