01/12/2005 - O desperdício
de caranguejos ocorre devido à preferência
do mercado pelo consumo dos animais logo após
o abate
Já é possível reduzir
a mortalidade do caranguejo-uçá
do Delta do Parnaíba. É o que
mostram os resultados preliminares de um projeto
conduzido pela Embrapa Meio-Norte (Teresina
– PI), unidade Embrapa, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
em parceria com o Instituto Nacional de Meio
Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama)
e o apoio do Banco do Nordeste e da Secretaria
Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência
da República, que já começa
a obter bons resultados nas ações
que visam reduzir o desperdício na
comercialização do caranguejo-uçá,
principal produto pesqueiro do Estado do Piauí.
Os resultados preliminares
dos projetos indicam taxas de mortalidade
bem menores que as observadas atualmente.
Segundo os pesquisadores
responsáveis pela execução
do projeto, os caranguejos capturados, manuseados,
acondicionados e transportados segundo a metodologia
proposta pela Embrapa chegam a apresentar
taxas de mortalidade de apenas 1%, enquanto
que atualmente, os catadores e distribuidores
apontam uma taxa de mortalidade que varia
de 40 a 60%.
O término dos projetos
está previsto para julho de 2006, quando
se espera produzir uma cartilha contendo recomendações
técnicas para a comercialização
do caranguejo.
De acordo com o pesquisador
da Embrapa Meio-Norte, Jefferson Legat, o
desperdício de caranguejos ocorre devido
à preferência do mercado pelo
consumo dos animais logo após o abate.
Assim, todos os caranguejos mortos no processo
desde a captura até o consumidor são
descartados sem qualquer aproveitamento de
biomassa.
Segundo catadores e distribuidores,
as taxas de mortalidade entre 40 e 60% do
total capturado, dependendo da época
do ano, sendo maior durante o período
da muda. O pesquisador considera este fato
como indicativo que a captura de caranguejos
pode ser reduzida sem afetar negativamente
a cadeia produtiva, pois o produto consumido
é no mínimo 40% menor do que
é extraído.
As perdas elevadas de caranguejos
estão associadas aos métodos
inadequados de captura, manuseio e armazenamento
dos animais pelos catadores; ao manuseio incorreto
dos animais pelos comerciantes e distribuidores;
às estruturas inadequadas de transporte
marítimo e rodoviário; e à
ausência de regulamentação
e fiscalização para o transporte.