05/12/2005 - A combinação
de diferentes fatores está por trás
da redução do desmatamento na
Amazônia anunciada hoje pelo governo:
a queda da competitividade de produtos agrícolas
brasileiros no mercado internacional, a maior
presença do Estado e a criação
de unidades de conservação.
“O desafio é progredir na redução”,
diz Denise Hamú, Secretária-Geral
do WWF-Brasil.
Segundoestimativas oficiais
apresentadas pelos ministros do Meio Ambiente,
Marina Silva, e da Ciência e Tecnologia,
Sergio Rezende, a queda foi de aproximadamente
30% no período de julho de 2004 a agosto
de 2005 (18,9 mil quilômetros quadrados)
em relação a julho de 2003 e
agosto de 2004 (27,2 mil quilômetros
quadrados). Os dados foram obtidos a partir
de análises feitas pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para o WWF-Brasil,
o importante é o governo apresentar
um plano de desmatamento com metas concretas:
“Se houver novamente a valorização
de produtos agrícolas, a multa aplicada
pelo Ibama pode valer a pena financeiramente
para os que destroem a floresta. A pergunta-chave
é: onde o governo quer chegar, qual
é a meta de redução de
desmatamento anual? Sem ela, é difícil
medir resultados e planejamento a longo prazo”,
diz Mauro Armelin, coordenador de políticas
públicas do WWF-Brasil.
Segundo Armelin, a superprodução
de grãos e a valorização
do Real reduziram a competitividade da soja
brasileira no mercado internacional, o que
contribuiu para a queda do desmatamento. Entre
março de 2004 e agosto de 2005, o preço
internacional da saca da soja, a mais importante
commodity brasileira, baixou 36%.
“É preciso que haja
coerência do governo e que a política
de contenção do desmatamento
não seja exclusiva de um ministério,
mas de todo o governo. Deve haver apoio a
uma economia de base florestal e maior presença
do Estado, principalmente por meio de unidades
de conservação. E, o mais importante
é o combate à grilagem”, diz
Cláudio Maretti, Coordenador do Programa
de Áreas Protegidas do WWF-Brasil.