07/12/2005 – Das 62 unidades
de manejo florestal no Brasil que possuem
o chamado Selo Verde – ou seja, foram certificadas
de acordo com os critérios estabelecidos
pelo Conselho de Manejo Florestal FSC (Forest
Stewardship Council) – apenas nove são
exploradas por associações comunitárias.
A certificação
é um processo não sai por menos
de R$ 7 mil para os empreendimentos comunitários,
conhecidos pela sigla Slimf (Small and Low
Intensite Manage Forest ou Manejo Florestal
de Pequena Escala e Baixa Intesidade). O dado
foi fornecido pelo diretor de qualidade da
empresa certificadora sueca SGS, com sede
na África do Sul, Michal Brink, que
está em Manaus participando da 4ª
Assembléia Geral do FSC, aberta hoje
(7).
O secretário estadual
de Desenvolvimento Sustentável, Virgílio
Viana, afirmou que a Agência de Florestas
do Amazonas (Afloram) apoiará certificações
em grupo, para diminuir o custo e viabilizar
o aumento do número de associações
comunitárias certificadas.
No Brasil, além a
SGS, outras duas empresas privadas estrangeiras
(a holandesa Skal e a norte-americana FCF)
e uma organização não-governamental
nacional (Imaflora) possuem autorização
do FSC para fornecer o Selo Verde. No mundo
todo, 15 empresas são certificadoras
credenciadas. A SGS é a maior delas,
responsável por 40% da área
florestal certificada do planeta (que somam
pouco mais de 67,1 milhões de hectares).
"A certificação
é uma grande possibilidade de inclusão
social", declarou o presidente do Conselho
Diretor do FSC no Brasil, Rubens Gomes. Ele
representa a Rede Grupo de Trabalho Amazônico
(GTA), que reúne 602 sindicatos, associações
comunitárias, cooperativas e organizações
não-governamentais da Amazônia.
Gomes também coordena
a Oficina Escola de Lutheria do Amazonas (Oela),
uma organização não-governamental
sediada em Manaus que se dedica ao ensino
da construção de instrumentos
musicais (lutheria) e de pequenos objetos
de madeira decorados (marchetaria), utilizando
apenas madeira certificada.
Os instrumentos musicais
produzidos pelos aprendizes da Oela possuem
certificação da cadeia de custódia
(selo fornecido para o processo de beneficiamento
da matéria-prima florestal). "Nós
escrevemos projetos e captado recursos com
financiadores internacionais para cobrir os
gastos da certificação. O Selo
Verde agregou valor ao nosso produto",
afirmou a instrutora de lutheria Antônia
Francinéia Souza.
Hoje há 49 jovens
entre 14 e 21 anos aprendendo lutheira na
entidade – e outros oito que já concluíram
o curso de 18 meses continuam freqüentando
a Oela para confeccionar seus instrumentos.
"A gente trabalha por encomenda. Há
meses em que vendemos três violões,
há meses em que não vendemos
nada. Em média, produzimos oito instrumentos
por mês", contou a instrutora.
Além disso, segundo
Virgílio Viana, o Instituto de Proteção
Ambiental do Amazonas (Ipaam) planeja adotar
o parecer de instituições certificadoras
independentes autorizadas pelo FSC no processo
de emissão de autorizações
de planos de manejo.
Isso evitaria casos como
as das duas empresas madereiras com Selo Verde
no Amazonas – a Mil e a Gethal – que neste
ano foram obrigadas a assinar termos de ajustamento
de conduta com o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) para ter a exploração
madeireira autorizada (já que não
conseguiram comprovar a regularização
fundiária da área onde atuam).