02/12/2005 - O Baixo São
Francisco, integrado pelos estados de Alagoas
e Sergipe, pode se tornar a porta de entrada
para o redescobrimento das belezas naturais
da região. Nesta sexta-feira (2), durante
a realização do 1º Festival
EcoCultural da Revitalização
do São Francisco, em Canindé
de São Francisco (SE), o Ministério
do Meio Ambiente apresentou um plano de ações
para o desenvolvimento do turismo de forma
sustentável na região.
"Revitalizar o São Francisco não
é apenas recompor nascentes e criar
áreas de proteção. É
também reorganizar a ocupação
territorial para que novas ações
e projetos não causem mais danos ao
meio ambiente", afirmou o secretário
de Desenvolvimento Sustentável do MMA,
Gilney Viana. Ele lembrou que o turismo, explorado
de forma ordenada e sustentável, pode
causar forte impacto na geração
de empregos e melhoria de renda para as populações
locais.
De acordo com o consultor Luiz Fernando Ferreira,
coordenador de Turismo Sustentável
do Programa de Revitalização
do Rio São Francisco, as cidades localizadas
nessa região possuem um enorme potencial
para a atividade, que pode ser explorado em
roteiros que vão do turismo cultural,
em cidades como Penedo e Piranhas, ao científico,
em hidrelétricas e áreas de
preservação, a exemplo do Raso
da Catarina. "Para isso, no entanto,
é preciso vencer barreiras como a falta
de serviços turísticos e de
infra-estrutura, inclusive saneamento, coleta
irregular de lixo e rede rodoviária
com baixa de conservação"
disse.
Na área ambiental, as lacunas incluem
desmatamentos e queimadas, falta de zoneamento
ecológico-econômico e ainda avanço
da fronteira agropecuária. Para mudar
esse quadro, será oferecido apoio técnico
e financeiro às organizações
que apresentarem projetos que solucionem ou
minimizem essas questões. A participação
dos interessados se dará por meio de
editais do Fundo Nacional de Meio Ambiente
ou carta-convite específica.
A cidade de Canindé, onde foi lançado
o Plano, é um exemplo de município
com alto potencial turístico. O principal
deles é o cânion do Xingó,
quinto maior do mundo, com uma profundidade
de até 170 metros, extensão
de 65 quilômetros e largura que varia
entre 50 e 300 metros. Sem falar nas águas
verdes e transparentes do São Francisco.
A cidade possui ainda o sítio arqueológico
do Justino, um conjunto de 70 sítios,
sendo 55 a céu aberto, além
de praias fluviais. Canindé oferece
ainda dois museus: o do Cangaço e o
Museu Arqueológico de Xingó,
que conta com um laboratório de pesquisas
arqueológicas e um acervo que chega
a 55 mil peças referentes a ocupação
humana na região, que data de 8 mil
anos.
O 1º Festival EcoCultural da Revitalização
do São Francisco ocorre até
o próximo domingo (4) em quatro cidades:
Paulo Afonso (BA), Delmiro Gouveia (AL), Canindé
de São Francisco (SE) e Piranhas (AL).
A iniciativa é uma realização
conjunta dos ministérios do Meio Ambiente
e da Cultura, e envolve outras pastas, como
Esporte, Integração, Turismo,
Desenvolvimento Social, Minas e Energia, Educação,
Justiça e Aqüicultura e Pesca.
Também participam da organização
governos estaduais de Alagoas, Bahia e Sergipe
e as prefeituras das cidades sede do festival.
O objetivo do evento é promover ações
de articulação, mobilização
e integração dos diversos segmentos
envolvidos no projeto de revitalização
do São Francisco.