06-12-2005 - Brasil sedia
encontro para discussão e aprimoramento
de regras sobre certificação
e manejo florestal
A 4a Assembléia Geral
do FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho
de Manejo Florestal) começou hoje em
Manaus, com a participação de
mais de 350 pessoas. É a primeira vez
que a reunião acontece fora do país-sede.
O Brasil foi escolhido para sediar a Assembléia
por desempenhar papel fundamental na área
de certificação – atualmente,
são 63 empresas e comunidades realizando
o manejo certificado de florestas brasileiras
em uma área de 1,3 milhão de
hectares.
“Sediar a assembléia
é importante para o País e para
a região, já que, historicamente,
a maior parte da produção madeireira
na Amazônia ocorre na ilegalidade” disse
Marcelo Marquesini, engenheiro florestal e
campaigner do Greenpeace na Amazônia.
“Há décadas, a exploração
ilegal de madeira na região destrói
a floresta sem que isso signifique melhoria
da qualidade de vida para seus habitantes.
Estima-se que entre 60 e 80% da madeira extraída
da Amazônia tenham origem criminosa
– ou seja, são exploradas, industrializadas
e/ ou comercializadas por pessoas e empresas
que desrespeitam as leis do País”.
A certificação
é uma forma independente de diferenciar
os produtos que foram extraídos da
floresta usando meios adequados para o ambiente
e para a sociedade. Criado em 1993 para promover
a certificação florestal, o
FSC é um sistema de certificação
independente integrado por representantes
de empresas madeireiras, organizações
ambientalistas e do setor social. A certificação
FSC é, atualmente, a melhor forma de
atestar que o manejo de florestas nativas
ou de plantações é realizado
de maneira eficaz, ambientalmente adequada,
transparente e economicamente viável.
Para refinar suas políticas
e padrões ambientais e sociais, o FSC
utiliza métodos de abordagem consultiva,
envolvendo grupos de interesse de diversos
setores da sociedade. A Assembléia
Geral é um momento muito importante,
pois é quando se aprimoram as regras
e o próprio sistema FSC. Durante os
próximos três dias os membros
do FSC – divididos nas três câmaras
ambiental, social e econômica – votarão
64 moções. Basicamente elas
tratam de mudanças no Estatuto e regulamentos
do FSC; mudanças nos Princípios
e Critérios; mudanças políticas
relacionadas a temas sobre manejo, credenciamento
de certificadoras, cadeia de custódia
e desenvolvimento de padrões regionais.
A certificação
florestal é um forte instrumento de
mercado para conter o avanço do desmatamento.
Por ser um sistema que certifica boas operações
de manejo florestal, ele garante que a floresta
será mantida e monitorada. “Enquanto
pátios de empresas que não respeitam
as leis estão abarrotados de madeira
amazônica de origem ilegal e predatória,
várias empresas e comunidades com manejo
florestal certificado pelo FSC no Brasil estão
enfrentando sérias dificuldades impostas
pelo Ibama para conseguir as autorizações
para trabalhar”, disse Marquesini. “O governo
deveria fortalecer os órgãos
que atuam na Amazônia – como Ibama e
Polícia Federal – para inviabilizar
a produção de madeira ilegal
e incentivar iniciativas como a certificação
FSC, que conciliam atividade humana com proteção
ambiental”.