(09/12/05) - As quebradeiras
de coco chegam à II Conferência
Nacional do Meio Ambiente com uma boa notícia:
a Câmara dos Deputados rejeitou projeto
de lei que extinguia as reservas extrativistas
Mata Grande (MA) e Extremo Norte (TO).
As duas reservas criadas
em 1992 são fontes de sustento de mais
de 300 famílias de quebradeiras de
coco. Elas retiram do babaçu óleo
para produção de sabonetes e
a casca é transformada em carvão.
A saga das quebradeiras
de coco é contada no livro “A guerra
ecológica nos babaçuais”, a
ser lançado segunda-feira durante a
conferência. O livro descreve a luta
das mulheres para conseguir acesso aos babaçuais
e o conflito com os fazendeiros interessados
em tranformar tudo em pastagens. Uma das técnicas
usadas por eles, segundo narra o livro, é
pôr veneno nas “pindovas” – as novas
árvores de babaçu.
O projeto que pretendia
extinguir as reservas foi enviado ao Congresso
em 1996. A partir de 2000, o governo tentou
retirar a proposta da pauta. Ao assumir o
ministério do Meio Ambiente, Marina
Silva, reiterou o pedido. Mas como a proposta
havia sido aprovada em uma das comissões
precisava obrigatoriamente ser submetida a
plenário.
O governo continuou negociando
com o Congresso a rejeição do
projeto. “A decisão da Câmara
é afirmação do compromisso
do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente
com a gestão de babaçuais e
da população que deles vivem”,
disse o chefe do Centro Nacional de Populações
Tradicionais (CNPT) do Ibama, Paulo Oliveira.
A resex de Extremo Norte
tem 9.280 hectares de extensão, a de
Mata Grande, 10.450 hectares. Segundo Oliveira,
o projeto no Congresso gerava instabilidade
e aumentava a pressão dos fazendeiros
e dificultava a gestão das reservas
diante do horizonte de extinção.
Com as resexs asseguradas, as quebradeiras
de coco podem aumentar a produtividade. O
gerente do Ibama em Tocantins, Natal Cezar
Demori, conta que elas já estão
exportando óleo de babaçu para
a Europa e a França.