07/12/2005 - Liderada por
organizações e movimentos sociais
do Vale do Ribeira, em São Paulo e
no Paraná, a campanha hospedada na
página do ISA veicula novas informações
e mapas interativos. A mobilização
tem como objetivo valorizar o patrimônio
socioambiental da região, habitada
por comunidades caiçaras, indígenas
e quilombolas, e que concentra 21% de toda
a Mata Atlântica do País. E faz
um alerta para a ameaça que a construção
de usinas hidrelétricas no rio Ribeira
representa para esse conjunto de riquezas
naturais e culturais.
O Instituto Socioambiental
lança, em sua página na internet,
uma campanha desenvolvida por entidades e
movimentos sociais do Vale do Ribeira (SP/PR)
contra a construção de barragens
no rio Ribeira de Iguape. A mobilização
visa informar quais seriam os impactos socioambientais
decorrentes da implantação de
usinas hidrelétricas no Ribeira - atualmente
o único grande rio não barrado
do estado de São Paulo. Com textos,
fotos e mapas interativos, a campanha apresenta
a riqueza natural e cultural do Vale do Ribeira
e questiona os projetos de hidrelétricas
que ameaçam a região, tombada
em 1999 como Patrimônio Natural da Humanidade.
Desde a década de
11000, o ISA acompanha a ameaça de
projetos de hidrelétricas no Ribeira,
tendo hospedado a partir de 2000 uma primeira
campanha de mobilização e informação,
promovida pelo movimento ambientalista e entidades
sociais da região. Agora a nova campanha
substitui esse conteúdo para atualizar
dados e informações sobre o
Vale do Ribeira e sobre o processo de licenciamento
ambiental das barragens projetadas para o
rio.
Os novos textos na página
do ISA na internet descrevem as condições
de vida das populações que tradicionalmente
habitam o Vale do Ribeira, como as comunidades
caiçaras, indígenas e quilombolas,
e conta a história social e econômica
da região até os dias atuais.
Traz ainda um histórico dos processos
de licenciamento ambiental dos projetos de
barragem, principalmente o da usina hidrelétrica
de Tijuco Alto, cujo novo Estudo e Relatório
de Impacto Ambiental (EIA/Rima) está
sendo analisado pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) desde outubro passado.
O próprio projeto
de Tijuco Alto, também reformulado
pela Companhia Brasileira de Alumínio,
é descrito e analisado em detalhes,
assim como seus possíveis impactos
sobre os remanescentes de Mata Atlântica
e as populações nativas, suas
terras e seus modos de vida.
Ao acessar a campanha, o
internauta poderá realizar um “passeio
virtual” pelas três micro-regiões
chamadas de Baixo, Médio e Alto Ribeira,
conhecendo um pouco mais da diversidade socioambiental
de todo o vale. Outra ferramenta de interatividade
permite localizar os territórios quilombolas
na região e simular o alagamento das
terras que seria provocado pelo enchimento
dos reservatórios das usinas.
O leitor poderá ainda
avaliar os custos e benefícios da construção
de barragens no Ribeira e saber, por exemplo,
que a energia gerada por Tijuco Alto seria
toda destinada àprodução
de alumínio de uma empresa privada
e não para o abastecimento público.
Uma seção de perguntas e respostas
e outra de notícias, produzidas pelo
ISA nos últimos anos, completam o conjunto
de informações sobre a campanha.
As organizações que encabeçam
a mobilização acreditam que
a divulgação de informações
é fundamental para que a população
possa formar suas opiniões e dizer
se quer ou não a construção
de barragens no rio Ribeira.
A campanha pretende fornecer
subsídios para que tanto a população
local – que seria diretamente atingida pela
construção das hidrelétricas
- quanto os cidadãos em geral, preocupados
com o futuro de uma região tão
rica em sociobiodiversidade, tomem posição
em relação ao futuro do Vale
do Ribeira. E tenham condições
de decidir se aceitam que o Ribeira de Iguape,
um bem público seja utilizado para
fins privados, em nome de um modelo de desenvolvimento
excludente e concentrador de renda, ou se
optam por outro caminho, no qual o uso sustentável
dos recursos naturais e a permanência
das populações tradicionais
em suas terras sejam valorizados.