Panorama
 
 
 
 

CARTA DE BONITO REAFIRMA COMPROMISSOS COM MEIO AMBIENTE

Panorama Ambiental
Campo Grande (MS) – Brasil
Dezembro de 2005

01/12/2005 – A Abema (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente) divulgou, hoje, o teor da Carta de Bonito, documento tirado da 19ª reunião da entidade que aconteceu em Bonito, nos dias 24 a 26 de novembro, reunindo 23 representantes de órgãos estaduais de Meio Ambiente. Um dos itens tem relação direta com bandeiras defendidas por ambientalistas do Estado. As autoridades presentes decidiram que os diferentes biomas não podem ser tratados da mesma forma pela União, sendo necessário priorizar o Cerrado e a Caatinga, pela fragilidade e ameaças que sofrem.

Representou Mato Grosso do Sul na reunião o diretor-presidente do Imap (Instituto de Meio Ambiente Pantanal), Cid Rôner de Castro Paulino. Ele estava acompanhado da assessora jurídica da Sema, Márcia Corrêa.

Na reunião foram tratados assuntos importantes, como a proposta de resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) sobre as áreas de preservação permanente, o decreto que trata do Plano Nacional do Gerenciamento Costeiro, a Conferência Nacional do Meio Ambiente, além do rerrefino de óleos minerais e a ampliação do Projeto de Proteção à Mata Atlântica.

Leia abaixo a íntegra da Carta de Bonito:

ABEMA

Carta de Bonito

Os gestores dos Órgãos Ambientais Estaduais de Meio Ambiente – OEMAS reunidos na cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul, entre os dias 24 e 26 de novembro de 2005, congregados em torno da ABEMA, procederam uma avaliação dos avanços e obstáculos verificados no período de 2005 na gestão ambiental brasileira e de forma consensual manifestam:

1. A necessidade de reafirmar compromissos com:

•Os princípios federativos norteadores do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA de respeito às competências das unidades federadas;

•A importância da municipalização da gestão ambiental como resposta às especificidades da gestão ambiental de caráter local;

•A necessidade de incorporar a dimensão ambiental na concepção inicial das políticas setoriais no país com forte envolvimento do setor empresarial;

•A ampliação do diálogo entre os gestores ambientais e os Ministérios Públicos visando reduzir o nível de judicializacão da gestão ambiental no País.

2. Como avanços na articulação entre a ABEMA e esferas do governo federal e segmentos do empresariado, destacando-se:

•O engajamento das áreas de infra-estrutura com a melhoria da qualidade ambiental, manifestos pela interlocução estabelecida entre a ABEMA e o Ministério de Minas e Energia - MME para discutir o passivo ambiental do setor e os procedimentos de licenciamento de mineração. Ressalta-se, ainda, os avanços no planejamento das ações do setor energético com a implementação da EPE (Empresa de Planejamento Energético), que passou a adotar a avaliação ambiental integrada de modo precursor ao licenciamento visando reduzir o grau de litigiosidade do processo de licenciamento ambiental.

•O estabelecimento de interlocução com o a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca resultando na capacitação de todos os OEMAs no tema do licenciamento ambiental de aqüicultura em águas da União.

•O estabelecimento de agenda de trabalho com os setores empresariais para a identificação de questões críticas, e a busca de soluções que orientem o desenvolvimento sustentável do país, em particular:

o(I) o convênio firmado com o Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável - CEBEDS de apoio aos OEMAs para promover o intercâmbio horizontal no que tange ao aperfeiçoamento do licenciamento ambiental;

o(II) o convenio com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes - SINDICOM para capacitação de técnicos dos OEMAs em licenciamento de postos de combustíveis em todo o Norte e Nordeste do País.

3. A ABEMA, manifesta apreensão em relação aos necessários avanços na consolidação do SISNAMA em decorrência da persistência dos seguintes aspectos:

•A despeito da instalação formal de comissões tripartites na maioria das unidades da federação constata-se um baixo índice de implementação das deliberações das comissões tripartites estaduais e federal por não se alcançar a resolução de conflitos de gestão no âmbito dos agentes do SISNAMA. A ruptura do pacto federativo é verificada no âmbito das comissões culminando com algumas ajuízação de ações pelo IBAMA sem o conhecimento prévio dos demais membros. A prática de um ano de tripartites remete a discussão no âmbito da ABEMA sobre a efetividade do instrumento como um canal adequado para o fortalecimento do SISNAMA;

•Baixa governança no âmbito do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA pela ausência de visão estratégica sobre as prioridades para implementação da Política Nacional de Meio Ambiente. Constituem-se razões adicionais a: (i) deliberação sobre normas ambientais que, em muitos casos, não encontram rebatimento na realidade socioeconômica e ambiental do País tornado-as inexeqüíveis; (ii) dificuldades de arbitragem sobre o contraditório, próprio de conselhos participativos e representativos de diferentes interesses legítimos no seio da sociedade;

•Baixo investimento na implementação do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA, como instrumento para tomada de decisão fundamentada em informações on line, prioridade estabelecida pelo MMA e OEMAS como mecanismo de fortalecimento do SISNAMA;

•Rompimento com a adoção do princípio da equidade de ações voltadas à proteção dos diferentes biomas brasileiros e suas unidades federadas. È imperativo estabelecer um equilíbrio entre as agendas, com inclusão dos biomas Cerrado e Caatinga;

•Atitude recorrente do Governo Federal quanto à continuidade de ações de caráter unilateral, seja no processo de criação de unidades de conservação, sem consulta ou manifestação dos Estados, já registrado pela ABEMA; seja por meio de atos normativos que afetam os demais membros do SISNAMA.

4. A ABEMA registra, em vários níveis, o descumprimento unilateral de pactos firmados entre os dirigentes do MMA e do IBAMA e os dirigentes dos OEMAs. A ABEMA, diante da não obtenção de resposta às reiteradas solicitações aguarda com sentido de urgência as seguintes medidas:

•Adoção do principio da transparência com apresentação imediata dos critérios de aplicação de recursos da compensação ambiental praticados pelo IBAMA. O acordo firmado diz respeito, além da apresentação dos critérios, a disponibilidade de um mapa de investimentos com dados de: razão social da empresa; atividade ou empreendimento; localização, investimento total, número da licença e o percentual estabelecido a título de compensação ambiental;

•Apresentação das ações realizadas em cumprimento aos compromissos assumidos durante a 1ª. Conferência de Meio Ambiente de 2003, como condição preliminar para realização da 2ª Conferência. Os OEMAs entendem que, para credibilidade das Conferências, o compromisso prioritário deveria ser o de prestação de contas à sociedade em relação ao realizado, antes de estabelecer novas consultas.

5. A ABEMA afirma sua discordância sobre a postura adotada pelo MMA na definição de políticas e investimentos voltados a todos os integrantes do SISNAMA destacando:

•O Plano de Ação Nacional de Combate a Desertificação - PAN não vem sendo implementado de acordo com a expectativa gerada durante o seu processo de construção. Os recursos destinados à implantação dos Programas Estaduais não foram alocados conforme previsto nos debates do Grupo Interministerial criado no âmbito do Ministério. Reivindica que os Estados do semi-árido brasileiro sejam informados sobre os critérios de aplicação e cronograma de execução do PAN, especialmente dos 27 bilhões de reais anunciados pela mídia. Os Estados devem ser reconhecidos nas suas competências enquanto gestores ambientais de acordo com os compromissos internacionais, de que o Brasil é signatário;

•A imediata revisão do Decreto nº 5300, que regulamenta o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, incorporando as inúmeras contribuições enviadas pelos OEMAs, pela falta de exeqüibilidade das normas previstas em decorrência do desconhecimento da situação de gestão nos Estados.

6. A ABEMA identifica as seguintes prioridades para 2006 visando a melhoria da qualidade da gestão ambiental do País, todas no sentido de concluir ações iniciadas e cumprimento de compromissos já firmados:

•Prioridade ao Projeto de Lei Complementar que prevê a regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal no sentido de definir as competências entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios em relação a gestão ambiental como o instrumento adequado para consolidação do SISNAMA;

•Estabelecimento de interlocução com o Ministério Público, Federal e Estadual, com o objetivo de evitar a judicialização das questões ambientais, assegurando o pleno funcionamento do SISNAMA;

•Participação mais ativa do MMA e da ABEMA nas atuais discussões que ocorrem no âmbito do governo federal em especial com o Ministério das Cidades no que se refere aos projetos de lei de resíduos sólidos e de parcelamento do solo urbano;

•Ampliação do Programa de Capacitação de Gestores Municipais de Meio Ambiente assegurando recursos para os Estados e garantindo as condições de viabilizar a municipalização da gestão ambiental do País;

•Implementação dos mecanismos de financiamento da gestão ambiental descentralizada envolvendo estados e municípios, a exemplo das áreas de saúde e educação como única forma de real sinalização sobre a prioridade de fortalecimento do SISNAMA.

As propostas deste documento resultam do consenso dos gestores estaduais de meio ambiente que, representados pela ABEMA, buscam compromissos para o permanente aperfeiçoamento da gestão ambiental do País, visando um futuro onde, cada vez mais, o desenvolvimento sustentável torna-se uma realidade.

Bonito, 26 de novembro de 2005.

Alexandrina Sobreira de Moura

Presidente da ABEMA

 
 

Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (www.sema.ms.gov.br)
Assessoria de imprensa (João Prestes)

 
 
 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.