07/12/2005 - Responsável
por cerca de 90% da produção
nacional de óleo de palma (extraído
dos frutos do dendezeiro), o Estado do Pará
prepara-se para, também despontar no
mercado do biodiesel, a chamada energia de
fonte renovável. Um seminário
que acontecerá de 14 a 16 de dezembro,
na sede da Embrapa Amazônia Oriental
(Belém-PA), unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, vai tratar
justamente da inserção da cultura
do dendezeiro no Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel, uma alternativa a mais
em busca de substitutos ao óleo diesel
mineral.
Uma das principais vantagens
apresentadas para o uso do biodiesel é
que por ser menos poluente e ainda poder ser
usado puro ou misturado ao diesel mineral
(o derivado do petróleo), no motor
diesel convencional que resulta, quando comparado
ao diesel mineral, numa redução
das emissões de gases poluentes. Os
estudos revelam, por exemplo, que no caso
de emissão de CO2, considerado um dos
principais causadores do efeito estufa, a
redução fica em torno de 7%,
se a mistura for de 5% de biodiesel e 95%
de diesel. Porém, se for utilizado
apenas o biodiesel, a redução
de emissão de CO2 é de 46%.
O programa nacional de Produção
e Uso de Biodiesel que está buscando
reduzir a dependência brasileira de
petróleo (hoje o Brasil importa 18%
dos 39,1 bilhões de litros de óleo
diesel que consome por ano), tem diversos
motivos para acreditar no dendezeiro como
uma excelente opção. Os especialistas
citam, entre elas, o fato da cultura ser a
mais produtiva entre as oleaginosas com uma
produção variando de 4 a 6 toneladas
de óleo hectare/ano. Isso significa
uma melhor rentabilidade para os pequenos
agricultores, que, por sua vez, necessitarão
de menor quantidade de terra para atender
a demanda do produto e consequentemente limitará
a abertura de novas áreas de floresta.
Outra vantagem é
o fato do dendezeiro ser uma cultura perene,
que pode alcançar até 30 anos,
com produção distribuída
durante todo o ano, o que permite a manutenção
de empregos durante o ano inteiro.
Somando-se a isso, o cultivo
dessa palmeira promove uma boa cobertura do
solo e a conseqüente proteção
contra a sua degradação com
a sua longa exploração. Há
ainda a ser considerado ,o baixo custo histórico
de produção do óleo de
palma no Brasil nos últimos 30 anos,
que varia entre US$ 200 e 300 por tonelada
e o custo médio de venda no mercado
internacional é de US$420 por tonelada.
Os técnicos que promovem
a inclusão do dendezeiro entre as fontes
de matéria-prima para a produção
de biodiesel ressaltam que esta cultura tem
alta capacidade de fixação de
carbono e por isso pode ser vista também
como uma atividade de reflorestamento, de
grande importância ambiental em regiões
como a Amazônia. Este detalhe poderá,
inclusive, levar a dendeicultura a participar,
futuramente, do mercado de créditos
de carbono.
Seminário – O evento
que discutirá a cultura do dendezeiro
no Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel, acontecerá em Belém,
na sede da Embrapa Amazônia Oriental,
de 14 a 16 de dezembro, e abordará
todos os segmentos do sistema produtivo, incluindo:
melhoramento genético, produção
de sementes comerciais, preparo de mudas,
implantação e exploração
da cultura, adubação e nutrição,
principais pragas e doenças, bem como
modos de controle e, ainda, o processamento
agroindustrial dos óleos de palma e
palmiste.