05/12/2005 - Para Greenpeace,
redução na tendência de
destruição da Amazônia
é um passo, mas ações
do governo devem continuar
O governo anunciou redução
de 30% no desmatamento na Amazônia entre
agosto de 2004-agosto de 2005 em relação
ao período anterior. Cerca de 18,9
mil quilômetros quadrados foram completamente
devastados. O governo também fez uma
correção para cima na taxa do
período anterior, que ficou em 27,2
mil km2.
“É um passo importante,
mas está longe de representar o final
da corrida”, disse Paulo Adário, coordenador
da campanha da Amazônia, do Greenpeace.
“Apesar da redução nos números
do desmatamento, não há nada
para se comemorar – são mais de cinco
campos de futebol destruídos a cada
minuto”, disse ele. “Nós continuamos
a perder a maior floresta tropical do planeta,
perdemos nossa rica biodiversidade e perdemos
também a oportunidade única
de conciliar atividade humana com proteção
ambiental.”
Para a organização
ambientalista, a queda no desmatamento está
relacionada à presença conjuntural
do Estado na região amazônica.
Isso se deu principalmente em dois momentos:
após o assassinato da missionária
Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, e durante
a Operação Curupira, no início
de junho.
A morte de Dorothy Stang
levou o governo a adotar uma série
de medidas para conter a escalada da violência
e destruição ambiental no Pará,
que incluiu o envio de tropas do Exército
e moratória no desmatamento em uma
área de 8,2 milhões de hectares
no Pará, além da criação
de 5 milhões de hectares de áreas
protegidas na Terra do Meio.
A Operação
Curupira foi realizada no mês que apresentou
maior queda no desmatamento da Amazônia.
A operação resultou no indiciamento
de mais de 200 pessoas acusadas de envolvimento
na fraude de autorizações de
desmatamento e transporte de madeira, incluindo
agentes públicos. Paralisou as frentes
de desmatamento, principalmente no Mato Grosso,
o campeão em destruição
florestal, e resultou em redução
da exploração madeireira pela
não-emissão de novas autorizações
de corte e transporte.“Foi um bom exemplo
de que governança funciona e, por isso
mesmo, as ações do governo não
podem parar”, disse Adário.
Segundo o Greenpeace, o
Brasil deve aproveitar a Conferência
sobre Mudanças Climáticas que
acontece em Montreal, no Canadá, para
assumir papel de liderança na busca
de soluções para o problema
do aquecimento global, que passa pelo combate
ao desmatamento na Amazônia.
“O Brasil ainda é
um dos maiores emissores mundiais de gases
do efeito estufa, principalmente por causa
do desmatamento na Amazônia”, disse
Carlos Rittl, coordenador da campanha de Clima
do Greenpeace. “É fundamental que os
países desenvolvidos assumam metas
mais ambiciosas de redução de
emissões, mas o Brasil também
deve fazer sua lição de casa
e abrir uma discussão mais ampla sobre
sua contribuição para mitigar
as causas e consequências do aquecimento
do planeta”.