10/12/2005 – O ministro
interino do Meio Ambiente, Claudio Langone,
afirma que um dos grandes desafios do Brasil
é incorporar a questão ambiental
às estratégias de desenvolvimento
do país. Para ele, um dos resultados
da 2ª Conferência Nacional do Meio
Ambiente deverá ser uma recomendação
neste sentido. Durante quatro dias, a partir
de hoje (10), mais de 1,5 mil pessoas devem
se reunir em Brasília para discutir
o tema "Política ambiental integrada
e uso sustentável dos recursos naturais".
"Certamente vai sair
uma orientação no sentido de
que se aprofunde o processo de incorporação
da dimensão ambiental nas estratégias
de desenvolvimento no Brasil, para que a gente
entre numa nova etapa, em que o processo de
tomada de decisão sobre as novas opções
de desenvolvimento incorpore a dimensão
ambiental", defende Langone.
Segundo ele, há uma
decisão de governo para que a questão
ambiental também sirva para nortear
o planejamento das ações para
o desenvolvimento brasileiro. "Uma das
questões mais importantes, que está
sendo construída junto com o Ministério
do Planejamento, é que já temos
uma decisão de governo de que o próximo
PPA [Plano Plurianual] – que é a grande
peça de planejamento de políticas
públicas no Brasil, principalmente
em relação à infra-estrutura
– utilize o instrumento da avaliação
ambiental estratégica como instrumento
de tomada de decisão. Isso é
um avanço muito importante".
No entendimento de Langone,
se o Brasil não perceber a importância
da questão ambiental como algo fundamental,
"vai perder uma grande oportunidade histórica".
"Hoje temos três países
no mundo que têm possibilidade de migrar
para os blocos dos países desenvolvidos",
comenta. "São eles o Brasil, a
Índia e a China. E o Brasil tem, na
área ambiental, vantagens incomparáveis
em relação à Índia
e à China. Temos que ter sabedoria
para aproveitar essas oportunidades, não
só oportunidades de inserção
política, no contexto global, mas,
sobretudo, de inserção econômica."
O ministro interino observa
que o Brasil, em termos de meio ambiente,
tem padrões de avanço tecnológico
e de conhecimento similares aos dos principais
países desenvolvidos do mundo. "No
Brasil, não temos possibilidade de
acontecer desastres como esse que aconteceu
na China, recentemente, de uma mancha de 80
quilômetros de benzeno num rio que abastece
uma população de 3 milhões
de pessoas", opina. "No Brasil,
isso seria impensável por causa do
nível de avanço tecnológico
que a indústria brasileira tem e também
de segurança."
Para que o país consiga
inserir a variável ambiental nas estratégias
de desenvolvimento é preciso pensar
em médio e em longo prazo, de acordo
com Langone. "O Brasil precisa perder
a mania de pensar em curto prazo e voltar
a pensar em médio e em longo prazo,
porque toda vez que se pensa em curto prazo,
o meio ambiente perde."