11/12/2005 - A proposta
central dos representantes de governos estaduais,
empresas e sociedade civil participantes 2ª
Conferência Nacional do Meio Ambiente
é de que o Projeto de Integração
do Rio São Francisco às Bacias
do Nordeste Setentrional só deve ser
discutido após Rio ser totalmente revitalizado.
O ministro Ciro Gomes, durante
os debates públicos sobre o Projeto
já realizados, explicou que o Projeto
de Integração vai levar vinte
anos para ser todo realizado e que, por isso,
os dois projetos – de Revitalização
e Integração – devem se feitos
simultaneamente.
Mas os participantes da
Conferência discordam. Os movimentos
sociais querem que "o governo faça
imediatamente o processo de revitalização
e só vamos discutir transposição
quando o São Francisco estiver vivo
novamente", diz o coordenador nacional
de Política agrícola da Federação
dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
(Fetraf), Gilmar Pastorio.
A sociedade civil organizada
está disposta a, "se precisar,
fazer luta contra o governo Lula. Não
tem acordo com os movimentos sociais, a menos
que a revitalização seja um
processo primeiro. Se o governo quiser tocar
na marra, vai perder na sociedade", afirma
o coordenador.
Ele explica que qualquer
movimento social, "mesmo os mais radicais
das regiões do São Francisco
aceitam debater a revitalização,
depois a transposição. Ao contrário,
não tem acordo", ressalta.
A representante da prefeitura
de Recife, Maria Emília, chama a atenção
para uma outra questão, a distribuição
da água. "Temos água, mas
a distribuição não existe,
há pessoas que até hoje não
sabem o que é um chuveiro", conta.
De acordo com a representante,
a proposta do governo municipal de Recife,
segundo Maria Emília, parte do princípio
de que apenas a Integração não
é suficiente, já que "não
traz o desenvolvimento para o Nordeste. É
preciso um plano com ações de
gestão da água e da sustentabilidade
dos recursos hídricos. O nosso grande
problema é a escassez e má gestão".
Já a proposta do
governo estadual de Pernambuco é de
que a água chegue às famílias
rurais no agreste e no sertão do estado.
"O Projeto de transposição
não chega até lá",
diz.