(05/12/05) - O projeto
de manejo sustentável do pirarucu pode
ser expandido para outras localidades do estado
a partir do próximo ano. Esta é
a expectativa dos técnicos do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), que há
seis anos acompanham o manejo realizado nas
Reservas de Desenvolvimento Sustentável
de Mamirauá e Fonte Boa e desejam ampliar
este projeto de sucesso.
Este ano, os dados parciais
já apontam para a pesca de mais de
300 toneladas de pirarucu nas reservas, mantendo
a escala crescente de produção.
Em Mamirauá, o manejo teve início
em 1999, quando foram retiradas mais de três
toneladas de peixe; em 2000 essa quantidade
subiu para 3,5t; em 2001 para 6,4t, em 2002
para 33t; em 2003 foram 71,5t e em 2004 120t.
Em 2005 os dados parciais já somam
quase 100t.
Em Fonte Boa, local que
apresenta potencial pesqueiro maior que Mamirauá
e onde o manejo começou a ser feito
em 2004, foram 137 toneladas no ano passado
e este ano já passa de 183t. Júlio
Siqueira, chefe do núcleo de recursos
pesqueiros do Ibama, avalia que o manejo vem
apresentando excelentes resultados para a
preservação da espécie,
não só nas áreas onde
é realizado, mas também em outras
regiões próximas. "A conservação
do pirarucu nas reservas surte efeito também
em outras áreas, pois os peixes migram
repovoando outros rios", explica o analista
ambiental.
Todo este sucesso tem atraído
a atenção de outras comunidades,
que têm mostrado interesse de também
desenvolver o manejo da espécie e solicitado
orientação e autorização
do Ibama. Júlio diz que comunidades
no baixo Rio Amazonas e na calha do Juruá
já estão demandando projetos
de manejo do peixe, mas ele alerta que a legislação
não permite que seja feito em qualquer
lugar. "É preciso que o local
seja uma unidade de conservação
ou que tenha, pelo menos, um acordo coletivo
de pesca", explica.
O Ibama está preparando
um seminário em fevereiro de 2006 para
apresentar os resultados do manejo e discutir
com todos os envolvidos os ponto positivos
do projeto e os problemas que ainda são
enfrentados pelas comunidades. Júlio
diz que, do ponto vista ambiental, o projeto
é um sucesso para a preservação
da espécie; mas na parte comercial
alguns pontos ainda precisam ser melhorados.
As comunidades ainda têm dificuldade
para conseguir compradores, principalmente
de fora do estado, ainda são dependentes
dos atravessadores e enfrentam concorrência
com o pescado ilegal.
Este ano, a imposição
do Ministério da Agricultura de que
o pirarucu das áreas de manejo fosse
comercializado inteiro, além de trazer
mais higiene ao produto, acabou por combater
o pescado ilegal. "O pirarucu inteiro
têm muito mais qualidade que o vendido
em mantas salgadas, atraindo a preferência
dos feirantes. Além disso, ficou mais
fácil diferenciar o produto legalizado,
porque os pescadores ilegais não têm
condições de comercializa-lo
inteiro, pois estraga mais rápido",
comemora Júlio.