01/12/2005 - "Esse
prêmio veio em boa hora, para um ano
tão difícil", comemorou
o secretário-executivo da Fundação
Vitória Amazônica (FVA), Carlos
Durigan. A fundação foi vencedora
da categoria organização não-governamental
(ONG) da 4ª Edição do Prêmio
Chico Mendes de Meio Ambiente, cujo resultado
foi divulgado hoje (1º) pela ministra
Marina Silva. "Os prêmios nos ajudam
a dar mais visibilidade para a causa. É
impressionante o quanto a Amazônia ainda
é pouco conhecida, mesmo no Brasil",
declarou.
A FVA é uma organização
não-governamental brasileira com sede
em Manaus, fundada em 11000. Atua na bacia
do Rio Negro, principalmente no Parque Nacional
do Jaú e seu entorno (municípios
de Barcelos e Novo Airão, no Amazonas).
Os parques nacionais são unidades de
proteção integral (nas quais
não pode haver moradores). O do Jaú
foi criado em 1980 e tem 2,27 milhões
de hectares, onde ainda vivem 272 famílias.
Com apoio da fundação, em 2002
elas se organizaram na Associação
de Moradores do rio Unini (Amoru).
Em 15 de maio deste ano,
a Amoru conseguiu que o Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)
realizasse uma consulta pública, na
qual os moradores decidiram pela criação
da reserva extrativista que ocupará
uma área de 870 mil hectares, ao lado
do Parque Nacional do Jaú. As reservas
extrativistas são unidades de uso sustentável,
modelo que permite a existência de habitantes.
Além de proteger os peixes da pesca
esportiva e comercial predatórias,
o objetivo da criação da Resex
é garantir que as famílias tenham
uma área natural para morar, caso sejam
obrigadas a deixar o parque.
A FVA trabalhou também
na elaboração de um acordo de
pesca para o rio Unini, que está em
seu segundo ano de vigência. "Com
o acordo, os conflitos com os empresários
da pesca diminuíram", comemorou
o presidente da Amoru, João Evangelista
de Souza, que aguarda a publicação
do decreto de criação da reserva,
previsto para até janeiro pelo coordenador
regional do Centro Nacional de Populações
Tradicionais (CNPT) do Ibama, Leonardo Pacheco.
Outro resultado do trabalho
da FVA foi o surgimento da Associação
de Artesãos de Novo Airão (Aana),
em 1996. São 27 famílias que
produzem cestas, tapetes, bolsas e chapéus
com a fibra do arumã, planta que nasce
na beira dos igarapés. Com a venda
da produção, cada família
obtém de R$ 200 a R$ 300 por mês,
segundo a tesoureira da Aana, Elzilene Barbosa
da Silva.
Carlos Durigan, João
Evangelista de Souza e Elzilene da Silva participam
em Santarém da Oficina de Experiências
no Manejo de Recursos Naturais em Várzea
e Igapós, promovida pelo projeto Manejo
dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama)
e pelo projeto Manejo Integrado da Biodiversidade
Aquática e dos Recursos Hídricos
na Amazônia (Aquabio), do Ministério
do Meio Ambiente.