Brasília – O assassinato
de indígenas no país e a situação
de risco de defensores dos direitos humanos
foram algumas das denúncias feitas
hoje (6) por representantes de movimentos
sociais e entidades. Eles estiveram reunidos,
em Brasília, com a relatora da Organização
das Nações Unidas (ONU) para
defensores dos direitos humanos, Hina Jilani,
que, após visitar diversos estados
brasileiros, deve lançar um relatório
preliminar com a conclusão dos pontos
analisados.
Durante o encontro, o vice-presidente
do Conselho Indigenista Brasileiro (Cimi),
Saulo Feitosa, apresentou um panorama da situação
geral do índio no país. Segundo
ele, além de ameaças de morte
e atentados, comunidades indígenas
sofrem "criminalização"
e passam de vítimas a réus.
"Invasores de terra
criam situações em que índios
acabam respondendo por crimes que não
cometeram. Nós entendemos isso como
uma forma de violência porque essas
calúnias são apresentadas sem
nenhum fundamento", contou ele.
Além da criminalização,
foram abordados o assassinato de duas lideranças
indígenas do grupo Truká, ocorrida
em junho deste ano no município de
Cabrobó (PE), por policiais militares;
a violência sofrida por missionários
do Cimi em Minas Gerais e as ameaças
de linchamento de que foram vítimas;
atentados à terra indígena Raposa
Serra do Sol, em Roraima, quando um grupo
invadiu a área e ateou fogo a uma escola
local; e as ameaças sofridas por povos
que vivem isolados no Mato Grosso.
Para a diretora da organização
não-governamental (ONG) Justiça
Global, Sandra Carvalho, o encontro propiciará
a divulgação de ações
que o governo federal deverá implementar.
Ela apresentou à relatora da ONU um
documento elaborado em parceria com organização
a Terra de Direitos, que traz 51 casos emblemáticos
de ameaças de morte e intimidação
a defensores dos direitos humanos em 17 estados
brasileiros.
"Com a divulgação
desse documento, esperamos que uma política
pública a defensores de direitos humanos
possa ser promovida, já que já
temos um programa brasileiro de defesa desses
defensores", afirma ela.
A paquistanesa Hina Jilani
permanece no Brasil até o dia 20. Amanhã
(7), ela visita Marabá (PA). A relatora
viaja ainda para cidades nos estados da Bahia,
Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina.
Jilani está no Brasil a convite do
governo federal.