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TAXA DE DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA CAI 31%, MAS AINDA É SUPERIOR À MÉDIA DOS ANOS 90

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Dezembro de 2005

06/12/2005 - De agosto de 2004 a julho de 2005, a taxa oficial de desmatamento na Amazônia ficou em 18,9 mil quilômetros quadrados. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) não divulgou médias por estado, mas informou que houve queda em todas as unidades da federação na Amazônia, inclusive no Pará e no Mato Grosso. É a primeira vez que o governo anunciou o dado no mesmo ano em que chega ao fim o período analisado.

A taxa oficial de desmatamento para a Amazônia, de agosto de 2004 a julho de 2005, foi de 18,9 mil quilômetros quadrados, uma queda de 31% em relação ao mesmo período entre 2003 e 2004 (com margem de erro de 5%, para mais ou para menos). O número foi divulgado ontem, dia 5 de novembro, em Brasília, pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, e tem como referência 77 imagens de satélite que abrangem cerca de 87% da área total desmatada em toda região. O índice consolidado poderá ser divulgado até o final deste mês.

É a primeira vez que o governo anuncia o dado no mesmo ano em que chega ao fim o período analisado. Geralmente, a informação vinha a público no ano seguinte, o que tornava inúteis operações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que o estrago provocado ocorria meses antes da chegada dos funcionários do órgão nas áreas desmatadas ilegalmente. Isso foi possível porque, também pela primeira vez, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pela taxa oficial de desmatamento do governo federal, comparou imagens de dois satélites diferentes – o CBERS e o Landsat – para corrigir as distorções provocadas pelas nuvens na análise dos desmates. Em agosto, o governo já havia divulgado estimativas de queda acentuada no desflorestamento produzidas pelo Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter), que não é capaz de calcular com precisão taxas sobre área desmatada.

A queda de 31% distribuiu-se de forma desigual pelas várias localidades analisadas pelo Inpe, que correspondem a “cenas” mapeadas pelos satélites utilizados pelo órgão. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) não divulgou taxas médias por estado, mas informou que houve queda no desmatamento em todas as unidades da federação na Amazônia, inclusive no Mato Grosso, que exibe o título de campeão da derrubada de árvores, responsável por 48% do desmatamento de 27,2 mil quilômetros de florestas em toda a região, entre 2003 e 2004. Este último número, agora consolidado, também foi divulgado ontem e corresponde ao segundo maior da história. Em maio, o governo anunciara a estimativa de 26,1 mil quilômetros quadrados. A informação chegou a ser publicada em importantes veículos de imprensa estrangeiros e significou um grande desgaste para o governo Lula.

O índice apresentado agora foi comemorado pelo governo como resultado direto das ações de monitoramento ambiental, fiscalização e ordenamento fundiário previstas no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março de 2004. As seis grandes operações policiais de combate ao desmatamento ocorridas desde 2003 – entre elas a Operação Curupira e a Operação Ouro Verde – foram citadas como exemplos da ampliação da presença do Estado na Amazônia durante a entrevista coletiva no Palácio do Planalto. Os representantes do governo lembraram que, desde então, 241 pessoas foram presas e que o Ibama lavrou 1,8 bilhão em multas na região.

Entre as 15 "cenas" onde o desmatamento aumentou, o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, chamou a atenção para o sudeste do Pará, na divisa com Tocantins, onde foi registrado um acréscimo de 103% na taxa, e o sul do Amazonas, sobretudo na região de Apuí, um dos locais que apresentou aumento entre 50% e 90%. Em compensação, Capobianco lembrou que houve queda expressiva do desmatamento, entre 50% e 100%, em áreas críticas, como a Bacia do rio Xingu, no norte do Mato Grosso, a Terra do Meio e a zona de influência da rodovia BR-163 (Cuiabá -Santarém), ambas no Pará. No último caso, segundo o secretário, a queda nos índices de desmatamento deveu-se à interdição, em fevereiro, de mais de 8,2 milhões de hectares ao longo da estrada para estudos visando a criação de Unidades de Conservação (UCs).

A ministra do Meio Ambiene, Marina Silva, voltou a dizer que, em 2004, não havia tempo suficiente para que as medidas previstas no plano de combate ao desmatamento fizessem efeito e que, agora, ele está maduro para ser avaliado pela sociedade. Marina repetiu que os resultados obtidos agora decorrem do fato de o governo federal ter adotado critérios ambientais nas políticas de todos os seus setores. "É a primeira vez que o desmatamento cai nos últimos nove anos. Saímos de um aumento nas taxas, em 2002, de 27%, para uma queda de mais de 30%. Nosso desafio, agora, é conseguir quedas constantes nos próximos anos", afirmou.

O governo citou iniciativas já anunciadas como exemplos de "ações estruturantes" que pretende tomar até o final de 2006 para manter a diminuição nos índices de desmatamento, entre elas a proteção de mais 15,5 milhões de hectares de floresta pela criação de UCs federais e a implantação dos chamados Distritos Florestais Sustentáveis. O MMA também está estudando encaminhar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei que pretende obrigar os bancos privados a levar em conta critérios ambientais para a concessão de crédito à assistência técnica rural e uma Medida Provisória (MP) com estímulos a financiamentos de atividades produtivas sustentáveis.

"De fato, temos de reconhecer que mesmo com todas as limitações já apontadas pelo GT Florestas do Fórum Brasileiro de Ongs e Movimentos Sociais, o governo aumentou seu empenho no combate aos desmatamentos em relação ao governo anterior e a redução da taxa em relação ao período entre 2003 2004 indica isso. Entretanto, é extremamente preocupante que, apesar dos esforços, estejamos comemorando um patamar de desmatamento bastante superior à média dos anos 11000, de 17 mil quilômetros quadrados", diz o advogado do ISA André Lima. "Analisando os dados em perspectiva histórica, se o governo Lula não quiser ser o recordista em desmatamento, terá de reduzir a taxa, no próximo ano, para menos de 8 mil quilômetros quadrados. Do contrário, em que pese o Plano de Combate ao Desmatamento instituído em 2004, vai superar a maior taxa de desmatamento registrada nos governos civis - a que ocorreu no período do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-1998), de 77,8 mil quilômetros quadrados."

Desmatamento na Amazônia de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)


De 1977 a 1988 – 21 mil km2

De 1988 a 11000 - 31,5 mil km2

De 11000 a 1994 - 39,7 mil km2

De 1994 a1998 - 77,8 mil km2 (1º governo de FHC)

De 1998 a 2002 – 76,9 mil km2

De 2002 e 2005 – 69,8 mil km2

(Obs: as contas abrangem sempre o período agosto de um ano a julho do ano seguinte)

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa (Oswaldo Braga de Souza)

 
 
 
 
 
 

 

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