Porto Trombetas (16/12/05)
- A equipe de Educação Ambiental
do Ibama realizou na manhã do dia 14
de dezembro de 2005 a soltura de 600 filhotes
de quelônios (dos quinze mil já
contabilizados pelo projeto este ano) no lago
do Jacaré, localizado na Reserva Biológica
do Rio Trombetas, junto a aproximadamente
40 estudantes e professores de comunidades
quilombolas que residem próximo à
base de fiscalização e pesquisa
do Ibama, caracterizada como Tabuleiro. A
programação envolveu, além
da soltura de filhotes, dinâmicas de
sensibilização ambiental, palestra
sobre as unidades de conservação
localizadas no Rio Trombetas e apresentação
do Projeto Quelônios da Amazônia,
incluindo o processo de manejo e reprodução
das espécies. Os participantes tiveram
a oportunidade de observar de perto o trabalho
nos tabuleiros realizado anualmente com o
objetivo de proteger as áreas de reprodução
dos quelônios.
O trabalho é realizado
pelos agentes ambientais do Ibama, contratados
nas próprias comunidades quilombolas
e que basicamente se inicia com a vigilância
a partir da migração das espécies
– fase em que se evita qualquer tipo de interferência
humana. Durante a desova a fiscalização
passa a ser intensificada e logo que a mesma
se conclui, as covas são localizadas
e identificadas, de forma a facilitar para
os agentes, o acompanhamento e eclosão
dos ovos. Quando as covas estão localizadas
em áreas de perigo, os ovos cuidadosamente
são transferidos para uma cova artificial.
O tempo médio de incubação
dos ovos é de 45 a 60 dias. A eclosão
se dá no interior da cova. Diariamente
é realizada a coleta de filhotes que
são colocados em tanques localizados
na praia ou na base do tabuleiro acompanhada
pelo preenchimento de planilhas. Os filhotes
são colocados nos berçários
por aproximadamente 15 dias com o objetivo
de dificultar a predação por
inimigos naturais, garantindo a sobrevivência
dos mesmos.
Segundo o analista ambiental
do Ibama, Antônio de Almeida Correia
Jr., biólogo, responsável pelo
Projeto Quelônios da Amazônia
na região do Rio Trombetas, as espécies
mais ocorrentes são a tartaruga–da–amazônia
(Podocnenis expansa) que na época da
reprodução se reúnem
em grandes grupos nos tabuleiros; o tracajá
(Podocnemis unifilis) que prefere desovar
em barrancos e praias nos lagos e nos rios;
e o pitiú (Podocnenis sextuberculata)
que têm o costume de fazer ninhos como
os dos tracajás, e põe até
20 ovos de casca mole por postura. Segundo
a equipe de educadores do Ibama, o que se
espera com esse trabalho é que essas
espécies, que já se encontram
em processo de vulnerabilidade não
venham a fazer parte da lista de espécies
ameaçadas de extinção.
Além disso, a equipe acredita que a
educação ambiental é
uma importante aliada nesse processo devido
ao fato de possibilitar, através da
propagação de informações
e troca de experiências, uma mudança
de comportamento e de atitude frente à
utilização indevida desses animais.