13/12/2005 - Parte do problema
de demarcação de terras enfrentado
pela etnia Krahô-Kanela, no estado de
Tocantins, pode ser resolvida ainda neste
ano. A informação é do
presidente interino da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Roberto
Lustosa, após reunião hoje (13)
com o presidente do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Rolf Hackbart, e cerca de dez integrantes
da tribo.
Durante o encontro, ficou
acertado que o Incra fornecerá os recursos
para que a Funai compre os 7 mil hectares
de duas fazendas já vistoriadas pelo
Incra na região. A área, dentro
dos quase 30 mil hectares reivindicados pelos
Krahô, será transformada em uma
reserva e abrigará os cerca de 400
membros da etnia. "Pela lei, o Incra
só pode comprar terras para clientes
da reforma agrária, ou seja, trabalhadores
sem-terra e pequenos agricultores rurais.
Assim, o instituto transfere recursos para
a Funai, que realiza a compra dessas terras",
informou Lustosa.
Estudos realizados na região
habitada pelos Krahô-Kanela até
1977 indicam que a área reivindicada
não é identificada como local
tradicional do grupo. "O relatório
divulgado pela Funai, em 2002, aponta que
os elementos levantados para demonstrar que
a terra era tradicional foram considerados
insuficientes", contou Lustosa.
O líder dos Krahô-Kanela,
cacique Mariano Ribeiro, considerou positiva
a decisão tomada pelo governo hoje:
"Foi um avanço muito grande porque
nós encontramos parte da Funai sendo
solidária e tentando ajudar a resolver
nossa situação". O cacique
enfatizou que a Funai vem se empenhando para
resolver o impasse com os índios em
curto prazo.
Depois da implantação
da reserva, o próximo passo é
conseguir recursos para que novas terras sejam
identificadas dentro da área reivindicada
pelos índios. Lustosa informou que
o vice-presidente da Comissão de Direitos
Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), comprometeu-se
a buscar esses recursos. Paim e integrantes
do Conselho Indigenista Missionário
também participaram da reunião
hoje.