Indígenas
ameaçam usar a força se o problema
não for resolvido pelas autoridades
12/12/2005 - Cerca de 700
hectares de florestas foram invadidos e desmatados
por fazendeiros na Terra Indígena (TI)
Kayapó, próximo ao município
de São Félix do Xingu, no extremo
norte da reserva, entre as aldeias Kikretum
e Kokraimoro. As primeiras denúncias
da Fundação Nacional do Índio
(Funai) à Polícia Federal e
ao IBAMA foram feitas há três
meses, mas as invasões, além
de não combatidas, se intensificaram.
Com a ausência de providência
por parte das autoridades os índios
ameaçam usar a força para garantir
a integridade de seu território.
Desde a semana passada,
uma comissão da Funai está no
local para fazer um levantamento detalhado
do estrago provocado pelos fazendeiros e acalmar
os índios que ameaçam expulsar
os invasores. Imagens de satélite analisadas
pelos técnicos da organização
não-governamental Conservação
Internacional comprovam a existência
de áreas desmatadas na TI Kayapó.
A Funai teme que a demora
da ação das autoridades no local
leve a um conflito entre os índios
e os fazendeiros. Em abril de 2004, um conflito
na reserva dos índios Cinta-larga resultou
na morte de 29 garimpeiros que haviam invadido
suas terras. A matança poderia ter
sido evitada se o governo tivesse atendido
às denúncias que já vinham
sendo feitas há pelo menos dois anos.
“Estamos tentando articular, desde setembro,
junto ao Ibama e a Polícia Federal,
uma operação para tirarmos os
invasores da área dos Kayapó,
mas não obtivemos nenhum apoio”, reclama
Eimar Araújo, responsável pela
Funai regional de Marabá.
Segundo
Araújo, os indigenistas ainda vêm
trabalhando para evitar que os índios
usem de violência, mas ele teme que
com o aumento das invasões os esforços
sejam em vão. Nas últimas semanas,
algumas lideranças indígenas
conseguiram negociar a saída pacífica
de alguns invasores da área, mas eles
denunciam que passados alguns dias todos estavam
de volta nos seus acampamentos. “Se o Estado
brasileiro demorar ainda mais, os índios
vão agir da maneira deles. Isto significa
que haverá um cenário de violência
e conflito com perdas de vidas humanas”, alerta
Araújo.