16/12/2005 - A Fundação
Nacional do Índio (Funai) iniciou os
trabalhos para a realização
do primeiro Censo Indígena Nacional,
com publicação prevista para
o segundo semestre de 2006. O Projeto Piloto
do Censo, com a função de testar
a metodologia aplicada para um melhor desempenho
da pesquisa, já está na fase
final. Além dos dados demográficos,
serão colhidas informações
sobre religião, migração,
escolaridade, trabalho e idade.
“Os dados projeto piloto estão previstos
para a primeira semana de janeiro. Daí,
então, serão feitas reuniões
pra avaliar como vai se estruturar o Censo
Nacional, junto ao IBGE e outros órgãos
de pesquisa”, explica a coordenadora do projeto,
Elizabeth Brea, antropóloga do Museu
do Índio.
Brea afirmou ainda que a
Funai convidou o IBGE para participar das
reuniões, a fim de agregar a experiência
do instituto na realização do
Censo Indígena.
Os testes estão sendo
feitos nas Administrações Executivas
Regionais (AERs) de Amambai (MS), Cuiabá
(MT), Goiânia (GO), João Pessoa
(PB) e nos Núcleos de Apoio de Barcelos
(AM) e Dourados (MS). Várias etnias
participam do recenseamento, tais como Pareci,
Yanomami, Potiguara, Xavante, Bororo, Guarani,
Kaiowá, Tucano, Baniwa e Baré.
Em Barcelos, o piloto do
Censo Indígena ocorre mais rápido
do que o esperado. “Em 15 dias recenseamos
3 mil índios”, ressalta o coordenador
de campo do Projeto Piloto, Hugo Meirelles
Heringer, que conta com uma equipe de 16 pessoas.
As informações
obtidas por meio do Censo Indígena
permitirão conhecer em detalhes como
são e como vivem os índios brasileiros,
a fim de traçar um retrato abrangente
e fiel da realidade nacional. De acordo com
Elizabeth Brea, o que está sendo feito
não é apenas um levantamento
censitário. “Não queremos só
saber o número da população
indígena, mas sim conhecer a fundo
o seu perfil”.
Relatório do IBGE
O IBGE publicou, nesta semana,
uma análise da população
indígena. O relatório Tendências
Demográficas: uma Análise dos
Indígenas com Base nos Resultados da
Amostra dos Censos Demográficos 1991
e 2000 traz indicadores sobre mortalidade
infantil, freqüência escolar, analfabetismo
e fecundidade.
A pesquisa revela que o
aumento do número de indígenas
urbanos impulsionou o crescimento dessa população.
Na década de 11000, o número
de brasileiros que se auto-declararam indígenas
aumentou 150%, em um ritmo anual quase seis
vezes maior que o da população
em geral.
O aumento da auto-declaração
também tem razões históricas.
A categoria indígena só foi
incluída no censo em 1991, ainda que
a investigação da cor no primeiro
levantamento censitário realizado no
Brasil tenha ocorrido em 1872. O último
censo, de 2000, divide a população
em cinco categorias: branco, preto, amarelo,
pardo e indígena.
Para a realização
da análise, foram recenseados os índios
que moram em terras indígenas, em áreas
rurais e em domicílios urbanos. As
informações foram analisadas
por um grupo de técnicos e pesquisadores
que inclui antropólogos, demógrafos,
epidemiologistas e sociólogos.