15/12/2005 – A chuva que
ameaça cair nas terras Nhande Ru Marangatu,
a cerca de 340 quilômetros de Campo
Grande, piora ainda mais a situação
dos índios que estão à
beira da estrada após a reintegração
de posse executada hoje (15) pela Polícia
Federal. A Funai tenta alugar uma fazenda
para abrigar os mais de 700 índios,
mas ainda não conseguiu resolver a
situação.
"Não temos mais
lona, não temos mais nada. Vamos passar
a noite na beira da estrada. A Funai não
conseguiu nada. O que eles podem conseguir?
O que a gente vai fazer, não sabemos.
Já foi feito. Estamos sem casa",
fala, com a voz embargada, a professora guarani
Leia Aquino Prado, uma das principais lideranças
da etnia. "Agora a gente não tem
mais nada e não tem como fazer mais
nada."
A Operação
Marangatu 3, como foi chamada pela Polícia
Federal, teve seu início às
5 horas da manhã de hoje (15), quando
foram reunidos mais de 80 policiais em Dourados,
para traçar estratégias e distribuição
de escudos, coletes a prova de balas, armamentos
e munições dissuasórias,
antimotim e de efeito moral.
As equipes se deslocaram
para Ponta Porã e Antônio João,
onde mais 70 policiais militares aumentaram
o efetivo. Uma aeronave, viatudas da PF, um
caminhão, dois ônibus e duas
âmbulâncias do Corpo de Bombeiros
foram usados na operação.
Segundo relatos do assessor
da presidncia da Funai, Odenir Oliveira, a
desocupação das três fazendas
que compunham as terras indígenas foi
feita sem violência ou resistência
dos índios. Depois a liderança
Leia Aquino Prado denunciou a queima de casas
pelos proprietários antes mesmo da
ação de desocupação
da Polícia Federal.