12/12/2005 - Contribuir
efetivamente para a conservação
dos recursos pesqueiros da Amazônia,
elevando, assim, o nível de renda das
populações tradicionais. Esse
é um dos principais objetivos do projeto
Biologia e Ecologia de Peixes de Lago de Várzea:
Subsídios Para Conservação
e Uso dos Recursos Pesqueiros da Amazônia,
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), vinculado ao Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT).
A pesquisa, que será desenvolvida nos
próximos 30 meses com a coordenação
da pesquisadora Maria Gercília Mota
Soares, foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq/MCT). O trabalho está inserido
em uma sub-rede denominada Bases para a Sustentabilidade
da Pesca na Amazônia, coordenado pelo
pesquisador Carlos Edwar de C. Freitas, engloba
mais cinco projetos e contará com a
participação de pesquisadores
da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Segundo a pesquisadora,
o objetivo é aumentar o conhecimento
sobre os parâmetros populacionais e
ciclo de vida dos peixes da região.
O trabalho será realizado no lago de
várzea de Manacapuru, localizado no
médio rio Amazonas. O local é
utilizado pela população tradicional
para pesca de subsistência e comercialização.
As informações coletadas serão
utilizadas para subsidiar os modelos de manejo
para o uso do lago.
Maria Gercília explicou que a intenção
é determinar onde encontrar os peixes,
locais de alimentação, desova
e de proteção, ou seja, onde
a pesca pode ser realizada. “O tucunaré
pode ser encontrado no meio do lago, o tambaqui
na floresta de várzea”, explicou, acrescentando
que a pesca é uma das atividades econômicas
de maior tradição e altamente
relevante para estrutura socioeconômica
das populações ribeirinhas.
Ela destacou que a intenção
da sub-rede é constituir uma forte
base de dados biológicos, econômicos-sociais,
modelos de avaliação de estoques
e a valorização de recursos
pesqueiros amazônicos, ou seja, o que
está se perdendo quando não
se aproveita adequadamente os recursos existentes.
“É fundamental o embasamento científico
para o estabelecimento de instrumentos legais
para a preservação e manejo
dos recursos pesqueiros”, explicou a pesquisadora.
De posse dessas informações,
o próximo passo é encontrar
alternativas para agregar valor ao pescado
e formas de incluir os ribeirinhos nesse processo.
Um dos fatores que vai influenciar
no decorrer da pesquisa é a seca que
atingiu os municípios da região.
“A seca é um evento natural, mas dessa
vez suas conseqüências foram bem
maiores", explica. Por isso, a coleta
será diretamente afetada, principalmente
sobre as espécies que ficam nos lagos
durante a seca, como aruanã, tucunaré,
acará-açu, bodó, tamoatá.
Já os peixes que são migradores,
ou seja, saem do lago na época da vazante,
serão menos afetados.
Repercussão
As informações coletadas serão
repassadas para as instituições
governamentais ligadas ao meio ambiente, entre
elas o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
o Instituto de Proteção Ambiental
do Amazonas (Ipaam), entidades não-governamentais,
além das comunidades ribeirinhas. Segundo
Gercília Soares, os resultados podem
ser utilizados para subsidiar a definição
de políticas pesqueiras para a região.