12/12/2005 - Um documento
assinado pelo governador do Ceará,
Lúcio Alcântara, pelo presidente
da Assembléia Legislativa daquele Estado,
deputado Marcos Cals, e pelo coordenador do
Comitê Cearense em Defesa da Integração,
deputado Chico Lopes, afirma que a integração
do rio São Francisco com as bacias
hidrográficas do Nordeste setentrional
é uma questão de justiça
social. A “Carta Aberta dos Cearenses a Favor
do Projeto São Francisco” foi distribuída
nesta segunda-feira (12/12) entre os participantes
da II Conferência Nacional do Meio Ambiente,
que terminará amanhã, em Brasília.
“Nosso posicionamento a
favor do Nordeste não pode ser confundido
com posturas redentoras da miséria,
da fome e das agruras da seca, que é
um fenômeno climático e deve
ser enfrentado com a utilização
plena dos métodos e tecnologias já
desenvolvidas pela inventividade humana”,
diz a carta.
O documento destaca que,
no Ceará, a disponibilidade hídrica
média é de 450 metros cúbicos
anuais por habitante, um indicador inferior
a um terço do recomendado pela Organização
das Nações Unidas (ONU) para
que se viva em condições sustentáveis
– 1.500 m³/habitante/ano. Essa média
registrada no Ceará é a mesma
de toda a região a ser beneficiada
pelo Projeto São Francisco. O empreendimento
visa atender 12 milhões de pessoas
em pequenas, médias e grandes cidades
de quatro estados: Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte e Ceará.
A carta lembra que a escassez
hídrica contribui para o agravamento
da miséria no Nordeste, em um cenário
no qual a convivência com o semi-árido
se torna desumana. Cita ainda que o Brasil
tem a maior reserva de água doce do
planeta, mas que a distribuição
desses recursos é desigual. No Nordeste,
por exemplo, o rio São Francisco concentra
70% da água disponível na região.
O manifesto foi divulgado
em todo o Ceará. O Comitê Cearense
em Defesa da Integração conta
com 72 integrantes, entre os quais três
universidades e oito prefeituras.