16/12/2005 - O Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) divulgou
hoje (16) o resultado da operação
Uiraçu. Parte do Plano Nacional de
Combate ao Desmatamento, a ação
integra a estratégia de combate ao
desmatamento no sul do Amazonas.
Dos 28 mil hectares de terras
vistoriados, em 16 mil deles os fiscais encontraram
algum tipo de irregularidade (ligadas à
derrubada da floresta ou a queimadas não
autorizadas). Elas originaram 205 autos de
infração, que somam um montante
de R$ 54,6 milhões de multas aplicadas.
Ao todo, 20,3 mil metros cúbicos de
madeira foram apreendidos, além de
15 motosserras e três motocicletas.
Das 40 serrarias inspecionadas,
apenas duas não tiveram problemas com
a legislação – 26 delas foram
autuadas, nove foram embargadas (impedidas
temporariamente de funcionar) e três
foram desmontadas.
Os doze municípios
do sul do Amazonas – Guajará, Ipixuna,
Eirunepé, Envira, Pauini, Boca do Acre,
Lábrea, Canutama, Humaitá, Manicoré,
Novo Aripuanã e Apuí – estão
no chamado "arco do desflorestamento"
(área em formato de arco onde se concentra
o desmatamento na Amazônia, abrangendo
também parte do Pará, Mato Grosso
e Rondônia).
Os municípios do
sul do Amazonas ficam na fronteira com Mato
Grosso, Rondônia e Acre e sofrem a pressão
de migrantes e dos empresários do agronegócio
(principalmente pecuária e monocultura
de soja). "No momento do flagrante, nem
sempre é possível identificar
os autores do desmatamento. Então,
é preciso trabalho de inteligência
para chegar até eles. As investigações
continuam, mas já mostram a existência
de quadrilhas de grilagem de terras, disfarçadas
de cooperativas", revelou o gerente-executivo
do Ibama, Henrique Pereira.
A Uiraçu é
a quinta operação conjunta do
governo federal e estadual no sul do Amazonas,
desde 2002. "A gente sabe que, quando
os fiscais vão embora, os criminosos
tendem a voltar à região. Nos
anos anteriores, permanecemos no máximo
45 dias em campo. Neste, foram 170 dias. Conseguimos
combinar uma operação ostensiva
com uma ação intensiva, durante
todo o período da seca prolongada,
entre maio e novembro", comemorou Pereira.
Participaram da Uiraçu
(nome de um gavião em risco de extinção)
113 pessoas de 12 órgãos públicos:
Ibama, Sistema de Proteção da
Amazônia (Sipam), Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Agência Brasileira de Inteligência
(Abin), Polícia Federal, Polícia
Militar do Amazonas, Ministério Público
Estadual, Ministério Público
Federal, 7º Comando Aéreo Regional
(Comar), Instituto de Terras do Amazonas (Iteam),
Instituto de Proteção Ambiental
do Amazonas (Ipaam) e 4ª Companhia de
Inteligência do Exército. Elas
percorreram pouco mais de 115 mil quilômetros
quadrados por terra e água e sobrevoaram
a floresta de helicóptero durante 56
horas. O custo total da operação
foi de R$ 550 mil.
Segundo o chefe de Controle
Ambiental do Ipaam, major Sena, no próximo
ano, as ações integradas de
combate ao desmatamento serão realizadas
também em Rondônia e no Acre.
"Esperamos reunir cerca de 300 pessoas
na operação de 2006, que deverá
ser iniciada por volta de maio e durar em
torno de seis meses", adiantou.