13/12/2005 - O número
de índios e seus descendentes cresceu
150% no Brasil entre os anos de 1991 e 2000.
As taxas anuais foram quase seis vezes maiores
do que o crescimento da população
em geral e, em 2000, a população
indígena somava 734 mil pessoas, contra
294 mil no início da década
de 11000.
Os dados são de um
estudo divulgado hoje (13) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A publicação constata
ainda um crescimento da presença do
indígena em áreas urbanas, principalmente
nas capitais da região Sudeste.
Para o presidente do IBGE,
Eduardo Pereira Nunes, o estudo "afasta
de vez a possibilidade de extinção"
dos índios no país. Ele lembra
que esse tipo de previsão era comum
até os anos 70. Nunes lembra que a
pesquisa também "confirma o fim
do preconceito das pessoas em assumir suas
origens".
Segundo Nunes, as políticas
públicas implementadas pelos governos
são outro fator influindo no resgate
das características dos índios.
"A demarcação de terras
indígenas iniciada nos anos 80, a extensão
de serviços de saúde e educação
e, agora, a reserva de vagas em universidades,
adotada também por algumas empresas,
estão contribuindo para as pessoas
se reconhecerem como descendentes de índios",
acrescenta. Ainda na avaliação
do presidente do IBGE, o aumento do número
de indígenas nos centros urbanos reflete
a busca por emprego e por atendimento hospitalar.
O estudo "Tendências
Demográficas: uma Análise dos
Indígenas com Base nos Resultados dos
Censos Demográficos 1991 e 2000"
aponta que mais da metade da população
indígena vivia nos centros urbanos
em 2000 (383,3 mil pessoas, contra 350,8 mil
na área rural) e reconhece a existência
de 604 áreas indígenas regularizadas
em 437 municípios, a maioria nas regiões
Norte e Nordeste.
Os números do IBGE
diferem do cálculo da Funai (Fundação
Nacional do Índio). Para o órgão,
são 440 mil índios e descendentes
vivendo em reservas ou em comunidades com
vínculo direto em relação
às áreas indígenas.
A antropóloga e assessora
da presidência da Funai, Maria Elizabeth
Brêa, explica que não há
divergências, apenas uma questão
de conceito. Ela lembra que os números
do IBGE retratam uma população
que se diz indígena e não que
viva a realidade dos índios. Brêa
adiantou que, no próximo ano, a Funai
vai realizar, em convênio com o IBGE,
o primeiro censo específico sobre a
população indígena no
país. "O objetivo é saber
quantos são e como vivem os índios
e seus descendentes".