16/12/2005 - A prefeitura
da cidade de Antonio João (MS) vai
buscar um caminho alternativo para a passagem
do gado, porque cerca 580 índios Guarani-Kaiowá
estão alojados na estrada até
Bela Vista. "Vamos tentar uma rota por
dentro de duas fazendas para desviar os rebanhos
do caminho", conta o prefeito Junei Marques.
O rebanho passará
esta noite a cinco quilômetros do acampamento
indígena e segundo o prefeito, a polícia
não está no local, mas "o
fazendeiro é amigo nosso e não
está envolvido no conflito com os índios".
Pela manhã, a prefeitura anunciará
pelo rádio que a passagem de gado pelo
trecho onde os índios se encontram
"não será permitida até
que a Funai [Fundação Nacional
do Índio] arranje um local para eles".
De acordo com o prefeito,
o presidente em exercício da Funai,
Roberto Lustosa, telefonou pedidno ajuda para
encontrar uma área de 200 hectares:
"Terra para arrendar tem, mas nenhum
fazendeiro vai querer arrendar porque eles
têm medo de os índios depois
quererem ficar com a terra". Um caminhão
foi colocado à disposição
dos Guarani-Kaiowá pela prefeitura,
para transportar lenha e folhas de bacuri,
colocadas em cima da lona preta para diminuir
o calor nas barracas.
O prefeito conta que os
índios estão revoltados com
a situação e com a Justiça,
pois "tinham certeza de que ficariam
na terra homologada. E se revoltam com todo
o direito – a própria dificuldade do
dia-a-dia e o isolamento levam à agressividade.
É uma situação muito
delicada".
Marques sugeriu a compra,
pelo governo federal, de uma área para
os índios: "Nós aqui estamos
de mãos amarradas". E acrescentou:
"Como vamos arrumar terra com os fazendeiros
para arrendar?"