13/12/2005 - "Não sei nem ler, sou
analfabeto. Só sei cortar a seringa e
trabalhar no mato". Foi assim, com a simplicidade
de um riberinho da Terra do Meio, no Pará,
que Herculano Porto de Oliveira agradeceu o
Prêmio Chico Mendes na categoria Associação
Comunitária, que recebeu, nesta segunda-feira
(12), à noite, das mãos da ministra
Marina Silva. Herculano, 61 anos, cinco filhos
e seis netos, é presidente da Associação
dos Moradores do Riozinho do Anfrísio
e um dos responsáveis pela criação
de uma reserva extrativista federal com 736
mil hectares.
MMA
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De
acordo com Marina Silva, a implementação
da reserva é fruto da luta organizada
de movimentos comunitários, que
contaram com o apoio de organizações
não-governamentais e do Governo
Federal. "Foi um processo de resistência",
disse. A ministra espera que a premiação
dê maior visibilidade ao trabalho
de milhares de pessoas que unem proteção
dos recursos naturais com desenvolvimento
econômico e social. Na categoria
Liderança Individual, foi agraciada
Adenilza Mesquita Vieira Sila, do Instituto
de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico.
Ela foi indicada por sua luta pelos
direitos, por cidadania e por melhores
condições de vida para
as mulheres ribeirinhas. Seu |
trabalho alcança
cerca de 1,8 mil mulheres de 80 comunidades.
"O prêmio significa a vida, a luta
para manter a floresta e suas populações.
É uma responsabilidade com a Amazônia
e com o mundo", disse.
A cantora Marlui Nobrega Miranda, que realiza
um trabalho de aproximação entre
a cultura indígena e a música
clássica, foi a premiada na categoria
Arte e Cultura. Seu último trabalho é
Ponte entre duas Culturas. Para a artista, a
premiação é um estímulo
para a continuidade da tarefa de preservar as
culturais tradicionais da Amazônia. "Elas
são tão frágeis quanto
os ecossitemas onde estão integradas",
disse.
Também foram agraciados Domingos Vargas,
da Cooperativa de Agricultores Ecológicos
do Portal da Amazônia, no norte do Mato
Grosso, na categoria Negócios Sustentáveis,
Carlos Durigan, da Fundação Vitória
Amazônica, de Manaus (AM), na categoria
Organização Não-Governamental,
e Luciano Tavares Marques, da Embrapa (PA),
na categoria Ciência e Tecnologia.
Conforme a secretário da Amazônia
do MMA, Muriel Saragoussi, o Prêmio Chico
Mendes foi feito para aqueles indivíduos
ou entidades "pouco visíveis"
na sua luta cotidiana por uma Amazônia
sustentável. "Essas ações
estimulam e sustentam, inclusive, políticas
de governo para a região", disse.
Todos os primeiros colocados de cada categoria
receberam R$ 20 mil, somando R$ 120 mil em prêmios. |