12/12/2005 - O I Encontro
Internacional de Jovens Indígenas de
Fronteira teve início no sábado
(10/12), em Tabatinga (AM), com apresentação
de danças, ritos e peças teatrais,
nas quais os índios demonstraram vários
mitos, como O caçador de Curupira,
apresentado pelos Tikuna da Colômbia.
O evento reúne índios da região
de fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia,
e visa promover o intercâmbio entre
os povos, por meio das propostas elaboradas
pelos jovens para uma política solidária
de fronteira, e analisar os principais problemas
e desafios na região.
Na abertura, estiveram presentes
Helena de Biase, gerente de projetos da Coordenação
Geral de Educação da Funai;
Marcelo Mazzoli, da divisão da Unesco
para a Infância e Juventude; Gisela
Oliveira, do Ministério da Educação
da Colômbia; Glória Mercedes,
do Ministério da Educação
do Peru; Theotônio Santa Cruz, cônsul
do Brasil na Colômbia; Sebastião
Almeida, representante da Prefeitura de Tabatinga;
e Davi Félix Cecílio, administrador
regional da Funai.
O cônsul Theothônio
Santa Cruz parabenizou a iniciativa da Funai
e agradeceu aos jovens indígenas presentes,
que dedicam seu tempo “ao conhecimento e ao
intercâmbio de dúvidas e inquietudes”.
Além disso, ele ressaltou a importância
da promoção de direitos, integração
e compartilhamento entre os países.
Para Glória Mercedes,
o encontro promovido pela Funai é uma
oportunidade ímpar, pois possibilita
a reflexão sobre problemas que afetam
os indígenas tanto do Brasil quanto
do Peru. “Sinto como se fosse um só
povo. Não há distinção
de nacionalidade, falamos uma só língua
e temos valores comuns como indígenas”,
disse. Ela ressaltou que muitos problemas
enfrentados por indígenas brasileiros
também afetam os peruanos, como o alcoolismo
e os casos de suicídio, em especial
entre os Tikuna.
Segundo ela, o governo peruano
vem desenvolvendo uma política específica
para os indígenas. “Hoje temos a Direção
Nacional de Educação Bilíngüe,
com representantes indígenas nas instituições
Federais, Estaduais e Municipais. Também
existe um programa voltado para a formação
de professores bilíngües”.
Recuperação
das tradições
Durante o primeiro dia do
encontro, os índios anciões
se reuniram e explicaram aos jovens como viveram
seus antepassados e como eram realizados os
rituais. O ancião Pedro Inácio
Tikuna lembrou que eles viviam nus e respeitavam
as tradições. “Hoje, vocês
vêm para cidade e aprendem muitas coisas
com os não-índios. Antigamente,
na nossa cultura, era proibido namorar e não
havia uso de álcool por nenhum de nós”,
disse.
O evento se estende até
o dia 13 de dezembro com diversas atividades,
como trabalhos em grupos e apresentações
culturais. O encontro será encerrado
com a entrega de um documento oficial que
será elaborado pelos próprios
indígenas.
O evento é realizado
entre os dias 10 e 13 de dezembro, no Centro
de Formação Frei Ciro Aprígio,
em Tabatinga (AM). Participam do encontro
indígenas das etnias Tikuna, Mayuruna,
Matis, Marugo, Kambeba, Wytoto, Kanamari e
Kulina.