21/12/2005 - A área
desmatada no Amazonas entre junho e outubro
deste ano foi bem inferior (quase 68%) à
registrada no mesmo período do ano
passado: de 971 quilômetros quadrados
caiu para cerca de 315 quilômetros quadrados.
Os dados foram divulgados nessa terça-feira
(20) pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento
Sustentável (SDS) e se baseiam em informações
e imagens de satélite do Sistema Deter,
idealizado para detectar o desmatamento em
tempo real - e gerenciado pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe). "É
nesses meses de seca que ocorre o pico do
desmatamento. Conseguir a redução
neste ano é uma vitória maior
ainda", disse o secretário estadual
de Desenvolvimento Sustentável, Virgílio
Viana.
O governo estadual também
divulgou a área desmatada no sul do
Amazonas entre janeiro e novembro de 2005:
aproximadamente 520 quilômetros quadrados,
contra 764 no mesmo período de 2004.
Os dados também têm como fonte
o Inpe, mas as informações são
do Programa de Monitoramento Sistemático
do Deflorestamento da Amazônia (Prodes).
"O Deter e o Prodes usam metodologias
diferentes, não podem ser comparados.
As imagens do Deter têm resolução
menor, por isso seus dados são menos
precisos", explicou Viana.
Para o gerente executivo
do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Henrique Pereira, os 244 quilômetros
a menos de floresta derrubada no sul do estado
em 2005 significam que a Operação
Uiraçu alcançou o resultado
desejado. Entre maio e novembro, 113 pessoas
de 12 órgãos estaduais e federais
permaneceram na região, combatendo
o desmatamento e os crimes a ele associados
(como a grilagem de terras).
"É importante
registrar que essa vitória de toda
a sociedade teve dois componentes. Por um
lado, o combate ao crime. Por outro, o estímulo
ao manejo florestal", destacou Viana.
Um exemplo de ação positiva
citado por ele foi a isenção
do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) para
produtos florestais não-madeireiros,
concedida neste ano pelo governo estadual.
O chefe de fiscalização
do Ibama, Adilson Cordeiro, lembrou que em
2005 o número de focos de calor registrados
saltou para quase 4.941, contra 1.845 identificados
no ano passado. Assim como o desmatamento,
os focos de calor também estavam concentrados
no sul do Amazonas, na fronteira com o Mato
Grosso, Acre e Rondônia - por onde chegam
os grileiros, pecuaristas e grandes produtores
de soja. Mas o fogo não contribuiu
significativamente para a destruição
da floresta. "No máximo, cinco
desses focos eram de alerta vermelho, ou seja,
incêndios mesmo", ponderou Cordeiro.
"A gente sobrevoou a região e
viu que apenas em Apuí havia queimadas
em florestas virgens. Nos outros municípios,
elas atingiram áreas já desmatadas.
Muitos eram fogos provocados pelo homem, para
formação de pasto", explicou.