(20/12/05) - O diretor
de Recursos Estratégicos do Ibama,
Luís Fernando Merico, informou nesta
segunda-feira que o órgão inaugurará
no próximo semestre um moderno sistema
de monitoramento do transporte de madeira
por estradas, em substituição
à atual Autorização para
Transporte de Produtos Florestais (ATPF),
que se revelou vulnerável á
corrupção.
O novo sistema, a ser implantado pelo computador,
via internet, foi planejado para dificultar
a prática da corrupção.
“Já enfrentamos hoje com sucesso casos
de falsificações de ATPFs. Graças
também a isso, fizemos o desmatamento
cair 31% no último ano. Agora, queremos
eliminar de vez casos de falsificações
de autorizações”, afirmou Merico.
O novo modelo prevê um controle nacional
integrado do fluxo de madeira por terra, água
e ar. “Pretendemos fechar o cerco a partir
da extração da madeira”, adiantou
o diretor.
Segundo Merico, a fiscalização
da Amazônia é um desafio de grandes
proporções e, por isso, precisa
constantemente de aperfeiçoamentos,
além do envolvimento das três
esferas de governo. “Embora recentemente o
Ibama tenha feito concurso para admissão
de 915 novos servidores, é impossível
manter um fiscal do órgão em
cada quilômetro quadrado”, afirmou o
diretor. “Sendo assim, precisamos do envolvimento
de toda administração pública
nos municípios, estados e também
da articulação dos vários
setores do governo federal, além, claro,
da sociedade”, afirmou.
Fantástico - Merico
informou que a direção do Ibama
vai encaminhar à Polícia Federal
cópia em vídeo de matéria
veiculada no Programa Fantástico, da
TV Globo, com denúncias de corte e
transporte ilegal de madeira na Amazônia,
além de falsificação
de ATPFs. “Anotamos o nome de todos os envolvidos
citados na matéria e das localidades
e vamos apurar o crime com o rigor habitual”,
disse o diretor.
Queda - A taxa atual mostra
que, além de conter o avanço
da extração ilegal, pela primeira
vez em nove anos o abate retrocedeu. Foram
8.300 km2 a menos, uma área equivalente
a mais de um terço de Sergipe. “Poupamos
das motosserras 207.050 mil metros cúbicos
de madeira em tora, apreendemos outros 271
mil m3, economizamos R$ 463 milhões.
Desde 2003, foram apreendidos 582 mil m3 de
madeira; o Ibama lavrou R$ 1,8 bilhão
em multas e 271 pessoas foram detidas (63
servidores públicos e 178 empresários
madeireiros, despachantes e contadores)”,
afirmou o presidente do Ibama, Marcus Barros.
Segundo ele, o Ibama “cortou
na própria carne”, prendendo servidores
do Ibama envolvidos. O governo confiscou 26
tratores, 54 caminhões e 459 motosserras.
Ao mesmo tempo, o recadastramento de imóveis
rurais inibiu 30.500 certificados de propriedades
irregulares “doadas” pela União. Simultaneamente,
o governo criou novas Áreas de Limitação
Administrativa Provisória, inclusive
em torno da BR-163 (rodovia Cuiabá-Santarém),
onde está suspensa, em 8,2 milhões
de hectares, qualquer nova ocupação
e atividade que implique em desmatamentos.
O Ibama criou 8 milhões
de hectares em Unidades de Conservação,
homologou mais de 9 milhões de hectares
de terras indígenas em áreas
de conflito social e agrário, enfrentando
grileiros e arcando com os todos os desdobramentos
dessa postura. “O governo deu resposta firme
aos conflitos, restabelecendo a ordem no campo
e reduzindo significativamente a grilagem
de terras públicas na Amazônia,
sempre com apoio vigilante da imprensa.
Em 64 operações
de baixo custo e longa duração,
como Caipora, Uiraçu e Pica-pau, contamos
com 580 homens do Ibama, além de efetivos
humanos e logísticos importantes da
Polícia Federal, do Exército,
da Polícia Rodoviária Federal
e da participação sempre pronta
das Polícias Militares Estaduais. Entramos
na mata em março e só saímos
em novembro”, afirmou o presidente do Ibama,
Marcus Barros.