19/12/2005 - O governo
quer melhorar a qualidade nutricional e de
saúde das comunidades indígenas
brasileiras. Para isso, realizou um edital
de seleção pública das
propostas de apoio às atividades de
pesquisas direcionadas ao estudo sobre saúde
dos povos indígenas. Foram selecionados
24 projetos de pesquisa, de um total de 61
apresentados. Eles terão à disposição,
ao todo, R$ 1 milhão. Cada um recebe
de R$ 20 mil a R$ 50 mil.
A iniciativa é resultado
de parceria da Fundação Nacional
de Saúde (Funasa) com o Ministério
da Saúde e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
O edital faz parte do processo de organização
e implementação da área
de pesquisa em saúde dos povos indígenas,
iniciado em novembro de 2004, com o 1º
Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas
em Saúde dos Povos Indígenas.
Segundo o diretor do Departamento
de Saúde Indígena da Funasa,
José Maria de França, a grande
importância dessas pesquisas é
que elas vão proporcionar ao planejamento
da Funasa "o surgimento de novos caminhos
e perspectivas para as ações
que visem promover a saúde indígena".
De acordo com ele, além
dessas pesquisas, a Funasa apóia atualmente
um levantamento mais abrangente sobre o setor,
em parceria com o Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) e a
Universidade de Brasília (UnB). Para
França, o conjunto das pesquisas proporcionará,
até julho de 2006, "um diagnóstico
real da saúde indígena no país,
que até hoje não existe".
Outra vantagem apontada é a racionalização
dos recursos, com a eleição
de prioridades a serem trabalhadas.
Como algumas das 24 pesquisas
apoiadas serão realizadas em 6 meses
e outras em 2 anos, a idéia da Funasa
é, segundo França, complementar
os valores repassados aos pesquisadores. "Nós
vamos trabalhar para que o profissional conclua
a sua pesquisa", observou ele, avaliando
que o recurso de R$ 1 milhão não
será suficiente. "A ampliação
está assegurada. Não se vai
deixar pesquisar pela metade", diz.
França destacou ainda
que a Funasa e os povos indígenas brasileiros
estão vivendo "um momento muito
importante" com a realização
das conferências de saúde indígena.
"Nós vivenciamos já as
conferências locais, nas aldeias, onde
os índios discutiram as questões
de saúde na aldeia, as dificuldades
e as propostas deles para facilitar a saúde
das comunidades", explica.
Ele lembrou que nesse momento
estão sendo realizadas as 34 conferências
distritais. Posteriormente, haverá
o encerramento com a Conferência Nacional
de Saúde Indígena, programada
para acontecer em Brasília, em março
de 2006. "Isso é muito importante
porque nós estamos vivenciando a discussão
da saúde indígena junto com
os três atores principais: o usuário,
o trabalhador e o governo. Assim, o índio
está tendo voz e será ouvido."