Fiscais e analistas ambientais do Ibama do Rio
Grande do Sul transportaram hoje para um criadouro
conservacionista a 54 quilômetros de Porto
Alegre 120 pássaros de 23 espécies,
apreendidos pela Operação Trinca-Ferro.
Por meio dela, o Ibama e as Polícias
Militar e Federal desbarataram, no último
dia 14/12, uma quadrilha de traficantes de animais
silvestres que agia em cinco estados, RS, SC,
PR, SP e MG, e tinha pontos de receptação
e coleta na Argentina e Uruguai. Dez pessoas
foram presas e cerca de mil animais foram apreendidos,
a maioria deles pássaros. O repasse dos
pássaros ao criadouro foi acompanhada
por repórteres das televisões
Bandeirantes e Sistema Brasileiro de Televisão.
Ricardo
Maia  |
Logo
que foram recolhidos, os pássaros
foram encaminhados pelo Ibama ao zoológico
de Sapucaia do Sul, na Grande Porto
Alegre. Lá, foram examinados
e tratados com complexos vitaminicos,
ministrados pela coordenadora do Centro
de Triagem do zôo, veterinária
Maria do Carmo Boto. "Eles chegaram
estressados. Mas felizmente não
apresentaram parasitas. Estão
bem", diz ela. Como perderam a
capacidade de se readaptar ao seu ambiente
natural, a partir de hoje, até
morrerem, os |
Ricardo
Maia
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pássaros permanecerão
no criadouro, aos cuidados do veterinário
Max Martis. Ali terão a chance de voltar
a viver com seus iguais, de se reproduzir em
ambiente mais próximo do natural.
De propriedade de um empresário,
o criadouro possui sete funcionários,
que alimentam e tratam hoje (sem contar os
pássaros entregues hoje), 641 animais
de 74 espécies em 57 cativeiros de
seis metros por seis. A maioria é composta
por pássaros, mas há também
macacos, quatis, ratões do banhado,
tartarugas, guaximins etc.
Antes de serem colocados
nos viveiros, os pássaros ficarão
em observação por quarenta dias,
e ganharão anilhas, argola de identificação
colocada na patinha. Entre eles, há
quatro espécies em extinção:
Cardeal-Amarelo, Coleiro do Brejo, Curió
e Bico de Pimenta.
Criadouros - O RS possui
cerca de 50 criadouros conservacionistas.
Todos sem fins lucrativos, em geral situados
na zona rural. Mantidos por empresários
e profissionais liberais, esses criadouros
recebem animais apreendidos pelo Ibama e passam
a arcar integralmente com o custo de sua manutenção.
"Quem pensa, acha que há algum
interesse escuso por trás. Mas não.
Os proprietários privados de criadouros
conservacionistas recebem e cuidam dos animais
por satisfação", diz o
veterinário Max. Segundo ele, os animais
recebem visitas dos familiares do empresário
e, eventualmente, podem ser freqüentados
com a finalidade de educação
ambiental. Arborizado e decorado com hortênsias,
o local possui viveiros hexagonais espalhados
por 3 mil metros quadrados de área.
Só neste ano o Ibama
do RS apreendeu 6 mil animais, a maioria pássaros
e tartarugas. "O tráfico de animais
silvestres, além de um problema ambiental,
gera custos para o Poder Público. O
Estado gasta com as operações
de fiscalização, o transporte
de animais, exames veterinários, como
os ocorridos no zoológico de Sapucaia.
É necessária logística
enorme para que criminosos sejam presos, mas
sobretudo dar destino digno aos animais, já
que, depois do período de cativeiro,
soltá-los na natureza é condená-los
à morte prematura", afirmou o
chefe da fiscalização do Ibama
RS, Fernando Falcão.
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