(22/12/05) - O peixe-boi
marinho (Trichechus manatus) Astro, primeiro
a ser reintroduzido em ambiente natural pelo
Projeto Peixe-Boi, em 1994, foi ferido pela
segunda vez esse ano. Pelo formato do atual
ferimento que mede cerca de 12cm acredita-se
que foi ocasionado pelo atropelamento do animal
pela hélice de uma embarcação
a motor. Em 2000 e 2001, o animal também
foi ferido por embarcações motorizadas.
O Projeto Mamíferos
Marinhos Sergipe, instituição
integrante da Rede de Encalhes de Mamíferos
Aquáticos do Nordeste (Remane), está
responsável pelo atendimento ao animal.
O médico-veterinário Ernesto
Foppel, que realizou atendimento em Astro
no último dia 15, informou que o ferimento
não atingiu a musculatura. Por esse
motivo, foi feito apenas um tratamento tópico
no animal e a parte atingida já está
em processo de cicatrização,
adianta.
Segundo Jadiel Brito, monitor
do Projeto Peixe-Boi em Sergipe, Astro não
apresentou mudança de comportamento.
O coordenador do Projeto Mamíferos
Marinhos Sergipe, Adolfo Hubner, que também
está acompanhando Astro, afirmou que
a principal área de permanência
do animal tem sido o estuário do rio
Vaza-Barris, no litoral sul sergipano, e que
nesta época do ano o peixe-boi apresenta
um deslocamento para a praia do Saco e áreas
vizinhas. A praia fica no extremo sul de Sergipe
na divisa com a Bahia e possui infra-estrutura
completa com hotel, pousadas e bares à
beira mar e grande tráfego de embarcações
turísticas.
Reincidente Em meados
de fevereiro desse ano, o animal foi ferido
pela hélice de uma embarcação
turística. Na época, o animal
foi examinado e medicado pelo veterinário
da Fundação Mamíferos
Aquáticos (FMA) João Carlos
Borges. De acordo com Borges, o corte foi
no dorso (costas) de Astro e media cerca de
70 cm, chegando, algumas vezes a três
centímetros de profundidade, o tamanho
de uma tampa de caneta. A FMA executa em co-gestão
com o Centro Mamíferos Aquáticos/Ibama
o Projeto Peixe-Boi, que tem desde 1997 o
patrocínio da Petrobras.
Na Flórida, Estados
Unidos, onde ocorre uma subespécie
do peixe-boi marinho (Trichechus manatus latirostris),
o atropelamento dos animais pelas embarcações
motorizadas é uma das principais causas
de mortalidade. Segundo dados do Sirenia Project,
os óbitos ocorrem muito mais pelos
traumas do impacto do que pelos cortes. Existe
um banco de dados com mais de dois mil animais
identificados pelas cicatrizes e mutilações
das nadadeiras e cauda.
Distribuição
no Brasil O peixe-boi marinho está
extinto do litoral do Espírito Santo,
Bahia, Sergipe e parte do litoral de Pernambuco.
No entanto, a permanência de Astro há
cerca de sete anos na costa sergipana é
um indício que a região abriga
as condições adequadas para
a permanência e o repovoamento desses
animais.