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PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO TEM ALTO NÍVEL DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Panorama Ambiental
São Miguel Arcanjo (SP) – Brasil
Dezembro de 2005

Rico em biodiversidade, parque é onde estão os remanescentes de Mata Atlântica mais bem preservados do Brasil

Existem atualmente no Brasil poucos espécimes de mono-carvoeiros ou muriquis, maior primata das Américas. A população mais numerosa (avaliada em cerca de 600 indivíduos) concentra-se numa área de floresta nativa no sudeste paulista. Esse local, rico em biodiversidade e onde estão os remanescentes de Mata Atlântica mais bem preservados do País, é o Parque Estadual Carlos Botelho, vinculado ao Instituto Florestal, da Secretaria do Meio Ambiente. Verdadeiro oásis ecológico, esse espaço conserva espécies endêmicas (peculiares ao local) e é um refúgio para animais como a jacutinga, que servem de bio-indicadores, atestando o nível de preservação de determinado território.
Com uma área de 37.644 hectares, a unidade de conservação ocupa porções dos municípios de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Tapiraí e Sete barras, entre as regiões de Itapetininga e Registro, no Vale do Ribeira. Por ano, recebe cerca de 10 mil visitantes. A sede, na parte alta do parque, a 800 metros de altitude, fica a 30 quilômetros de São Miguel Arcanjo e a 210 quilômetros da capital. Na parte baixa da unidade, a 70 metros de altitude, está o Núcleo Sete Barras, próximo ao município de homônimo e com características diversas das encontradas na sede. A ligação entre esses dois pólos se dá por um trecho em terra da SP-139, também conhecida por Estrada da Serra da Macaca e, mais recentemente, por estrada-parque. Isso porque a meta é adequá-la e construir alguns equipamentos de lazer no local, como mirantes, sinalização educativa e centros de recepção, para que se torne de fato uma estrada-parque. A iniciativa faz parte do Projeto Ecoturismo na Mata Atlântica, parceria do governo do Estado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – ver a seguir.
Para o diretor da unidade, José Luiz Camargo Maia, o parque tem uma vocação enorme para acolher pesquisas científicas e pessoas sensíveis à biodiversidade. Não é um local, por exemplo, que tem esportes radicais, como algumas unidades. “Tem um outro perfil: é mais a exuberância da natureza, a biodiversidade, o clima ameno”, afirma. O terreno inóspito é um aspecto que contribuiu muito para a sua preservação. “Temos grande atividade na sede e no núcleo, mas no meio é mata nativa, de difícil acesso.” Outra característica é que não apresenta problemas fundiários, ou seja, pertence totalmente ao Estado e não tem moradores.
Um de seus principais atrativos é a Estrada da Serra da Macaca, utilizada inclusive para romarias. Próximas ou na região da sede, estão, por exemplo, as trilhas da Represa, da Canela e do Rio Taquaral. No Núcleo Sete Barras, ficam a trilha da Figueira e a Cachoeira do Travessão. Com o futuro Plano de Manejo, há previsão de novos atrativos no parque. Um deles é o passeio ao Pico da Pedra, com mil metros de altitude, nas imediações do núcleo. Outro é uma trilha integrando os Parques Estaduais do Alto Ribeira (Petar), Carlos Botelho e Intervales, prevista no Projeto Ecoturismo na Mata Atlântica. Centro de visitantes, mini-museu de zoologia, alojamento para pesquisadores são algumas das instalações da sede, juntamente com o portal de entrada e uma base de vigilância. Dependências praticamente similares são encontradas no Núcleo Sete Barras.
A riqueza da flora, com predominância de Mata Atlântica primária, fez com que o Programa Biota-Fapesp escolhesse o Núcleo Sete Barras, além do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, para desenvolver seus trabalhos. Há 120 estudos relativos a espécies vegetais, integrantes desse programa, em andamento no parque. O objetivo do Biota, que tem o patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é inventariar e caracterizar a biodiversidade paulista.
Esse ambiente praticamente intocado serve de abrigo para animais ameaçados de extinção, como a onça-pintada, o mono-carvoeiro e a jacutinga, ave bem característica do parque. Isso porque elas aparecem em bandos no local na época de frutificação do palmito juçara. A área mantém, ainda, espécies endêmicas de roedores, anuros (sapos, rãs e pererecas), hidromedusas (cágados de água-doce) e outros animais. Comuns também nesse território são a anta, o cachorro-do-mato, o macaco-prego, o bugio e a onça parda.
Toda essa biodiversidade, capaz de permitir ao visitante avistar animais e espécies vegetais, vem trazendo ao local observadores de aves de países como Inglaterra, Dinamarca e Holanda. Para facilitar essa presença, o parque trabalha de forma integrada com outras duas unidades, o Parque Estadual Intervales e uma reserva particular, o Parque do Zizo. Segundo Maia, trata-se de um público que tem poder aquisitivo e bom nível de consciência.
Criado em setembro de 1982, o parque é resultado da unificação de quatro reservas florestais (Carlos Botelho, Capão Bonito, Travessão e Sete Barras) incrustadas na Serra de Paranapiacaba e instituídas em 1941. Junto com outras unidades da região, o Carlos Botelho integra, desde 1991, a Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e, em novembro de 1999, foi reconhecido pela Unesco como sítio do Patrimônio Mundial Natural. O nome Carlos Botelho é uma homenagem ao urologista que foi secretário de Agricultura, Viação e Obras Públicas do Estado em 1904.

SERVIÇO
Parque Estadual Carlos Botelho
Funcionamento: todos os dias, das 9 às 16h
Informações: Tels. (15) 3279-1233/3379-4278

Paulo Henrique Andrade
Da Agência Imprensa Oficial

(BOX1)
Caminhadas, cavalgadas e romarias na Estrada da Serra da Macaca

A Mata Atlântica praticamente intocada nos arredores e os cenários que proporciona ao longo do caminho tornam a Estrada da Serra da Macaca um dos principais atrativos do Parque Carlos Botelho. Criada em 1940, ela compreende um trecho em terra de 33 quilômetros da SP-139, rodovia que liga São Miguel Arcanjo a Registro, no Vale do Ribeira, num total de 100 quilômetros. Para percorrê-la, é necessário vencer 300 curvas e oito pontes datadas de 1939 e 1940.
Caminhadas, passeios de bicicleta e cavalgadas são atividades comuns no local. Tradicionalmente, a estrada também serve de rota para os devotos de São Bom Jesus de Iguape, que fazem um percurso de 180 quilômetros. O músico Dudu Terra, foi um dos que percebeu nesse segmento um filão a ser explorado. Por meio da Andakunfé Turismo e Aventura, ele e alguns companheiros montaram uma estrutura em que o romeiro sai de São Miguel Arcanjo com carro de apoio, paradas predeterminadas e outras comodidades. A caminhada ocorre na Semana Santa, mas a meta é estendê-la para outras duas épocas. “Achamos que, fazendo mais vezes ao ano, isso vai despertar outros produtos do parque, como caminhadas, trilhas, principalmente com a instalação da estrada-parque.”
Além dessas atividades, do próprio contato com a natureza e da possibilidade de avistar animais, a via que corta o parque reserva pontos de interesse ao visitante. A cachoeira Água da Vaca inclui-se entre os atrativos cênicos. Na bica Pedro Tanaka, a curiosidade fica por conta do episódio histórico ali ocorrido. O guerrilheiro e ex-capitão Carlos Lamarca, que se refugiou e foi perseguido na região durante a ditadura militar, teria interceptado nesse lugar um caminhão do Exército (onde estaria o soldado Pedro Tanaka) e, usando as roupas do militar, fugido para São Paulo. Outros pontos são o Rancho do DER, área de descanso com quiosques e alguns mirantes.
Para melhorar as condições da via, o governo estadual liberou recursos destinado à recuperação das encostas e para conter as erosões. Além disso, a partir de 2006, começa a construção na estrada de dois mirantes, dois quiosques e outras instalações. As benfeitorias fazem parte do Projeto Ecoturismo na Mata Atlântica, que prevê, ainda, a revitalização de edificações e equipamentos no Núcleo Sete Barras e a construção no local de centro de recepção, estacionamento, banheiros e outras dependências. O programa também compreende levantamento de atrativos do parque, plano de monitoramento dos impactos da visitação e demais estudos.
Situadas estrategicamente na sede (km 78 da SP-139) e no Núcleo Sete Barras (km 45), estão duas bases de vigilância, inauguradas recentemente. As instalações, construídas por meio de parceria com o banco alemão KFW, como parte do Programa de Preservação da Mata Atlântica (PPMA), integram o projeto de fiscalização do parque. São equipamentos que ajudam na tarefa de inibir a ação de coletores ilegais de palmitos e caçadores. As bases dispõem de quartos, banheiros e outras dependências e servem para abrigar os 13 vigias do parque e os membros dos três pelotões da Polícia Ambiental (de Sorocaba, Itapetininga e Registro) em suas operações na região. Ainda como parte do projeto de fiscalização, o Instituto Florestal vai instalar em breve um sistema radiocomunicação nos dois portais da unidade de conservação.

(BOX2)
Trabalho integrado com as populações vizinhas

A integração com as prefeituras e populações vizinhas é uma das principais atividades realizadas pelo Parque Carlos Botelho. Por iniciativa da unidade, foi criado, por exemplo, o Conselho Municipal de Turismo de São Miguel Arcanjo, que passou a mostrar que a localidade podia se desenvolver de maneira planejada, gerando empregos por meio do turismo. Outro órgão instituído foi o Conselho de Defesa do Meio Ambiente que, junto com o Departamento de Ensino da Prefeitura de São Miguel, introduziu a disciplina de Educação Ambiental nas escolas locais.
Dentro desse princípio de interação, nasceram, também, projetos como o Floratlântica. “A idéia era montar um viveiro de plantas nativas no parque com voluntários do entorno, basicamente adolescentes, mas a iniciativa acabou tendo desdobramentos”, relata o biólogo Célio Paulo Ferreira, coordenador do projeto. Isso desencadeou a formação de monitores ambientais, por meio de um programa de capacitação continuada. Além de conteúdo voltado para essa atividade, os participantes têm palestras (sobre primeiros socorros e uso de drogas, entre outras), aulas e orientações.
O projeto, com parceria da ONG Caapuã e apoio da empresa Marquesa S.A., engloba ainda a produção de camiseta e artesanatos. Atualmente, são 12 monitores (que ganham com esse trabalho) e cerca de 30 voluntários. Orientação vocacional e encaminhamento social são alguns dos objetivos das atividades. Outros trabalhos de integração com a região são a produção de mudas de palmitos com a Associação do Desenvolvimento do Bairro do Rio Preto, em Sete Barras, e o Projeto Terceira Idade. O primeiro tem por objetivo a geração de renda. Coordenado pela funcionária da unidade Elsa Fogaça Gomes, o segundo consiste em trazer o público da terceira idade para conhecer o parque.
Outra atividade de peso realizada na unidade são as pesquisas científicas. E, nesse segmento, um dos trabalhos de destaque é o Projeto Muriqui-do-Sul, desenvolvido pela Associação Pró-Muriqui em parceria com universidades e institutos de pesquisa, nacionais e internacionais, dentre os quais o Instituto Florestal e Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

 
 

Fonte: Parque Estadual Carlos Botelho
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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