02/01/2006
– Cerca de 400 índios guarani-kaiowá
estão acampados há 18 dias à
beira da estrada que liga os municípios de
Bela Vista e Antônio João, em Mato
Grosso do Sul. Apesar das condições
precárias, eles não estão dispostos
a sair do local até que uma nova decisão
judicial devolva a área de 9,3 mil hectares
homologada em favor da tribo em março do
ano passado.
Os Guarani-Kaiowá foram
despejados por ordem judicial da terra Nhande Ru
Marangatu em dezembro, duas semanas depois de o
Supremo Tribunal Federal (STF) cancelar a homologação
da área. Os ministros do STF devem reavaliar
o caso em fevereiro. Até lá, os governos
federal, estadual e municipal pretendiam abrigar
os índios em fazendas ou espaços públicos
próximos à região.
"Em hipótese alguma
vamos aceitar propostas que nos distanciem mais
da nossa terra. Não vamos largar uma coisa
que é nossa, que serve de mãe pra
nós. A nossa terra é insubstituível",
afirma o líder indígena guarani-kaiowá
Isaías Sanches Martins. "Esperamos que
a Justiça resolva logo essa questão.
Não estamos acampados porque gostamos disso,
mas porque é necessário na nossa luta."
O coordenador da Fundação
Nacional do Índio (Funai) em Mato Grosso
do Sul, Odenir Oliveira, considera precária
a situação dos índios acampados
e já alertou sobre o risco de morte das crianças,
mais vulneráveis à desidratação.
Oliveira entende a resistência dos índios
de deixar as proximidades da área, demarcada
pela Funai e homologada por decreto presidencial.
"Eles sabem que se saírem
dali perdem a capacidade de mobilização.
A tendência é que aconteça uma
acomodação em que não se buscaria
a melhor solução para os índios",
avalia o coordenador da Funai. "Queremos que
eles voltem a fazer algum tipo de plantio ou produção
em locais próximos. A intenção
é arrendar uma área dentro dos 9,3
mil hectares para que eles não percam a possibilidade
de ocupação mínima da terra."