12/01/2006 - Ativistas entraram
no porta-aviões Clemenceau, exigindo
que o governo francês descontamine o
navio de todo material tóxico antes
de enviá-lo para desmonte na Índia
Atualizada em 13-01-2006
Ativistas do Greenpeace
interceptaram e entraram no porta-aviões
francês Clemenceau, a 50 milhas náuticas
da costa do Egito, impedindo pela segunda vez
o prosseguimento de sua viagem com destino à
Índia, onde será encaminhado para
desmonte. Dois ativistas do Greenpeace conseguiram
embarcar no navio, subir em um de seus mastros
e exibir uma faixa com os dizeres “Carregado
de amianto: fique longe da Índia.”
O navio contém altos níveis de
substâncias tóxicas como amianto,
chumbo e metais pesados, caracterizando, assim,
transporte ilegal de lixo tóxico, proibido
pela Convenção da Basiléia,
tratado internacional contra o comércio
e transporte de substâncias perigosas.
O Greenpeace pediu às autoridades egípcias
que neguem permissão ao Clemenceau para
cruzar o Canal de Suez e prosseguir viagem,
respeitando os princípios da Convenção,
da qual o Egito é signatário.
O governo egípcio já solicitou
ao navio os certificados exigidos pela Convenção
para aprovar sua passagem. Se o Egito não
receber a documentação, o navio
será considerado ilegal e estará
sujeito às leis do país, podendo
ser enviado de volta ao porto francês.
As autoridades do Canal de Suez confirmaram
para o Greenpeace que a passagem do navio pelo
canal não foi garantida. A Suprema Corte
da Índia também impediu a entrada
do navio em suas águas até que
as autoridades francesas apresentem documentos
comprovando que o Clemenceau não está
quebrando uma lei internacional.
O Clemenceau vem sendo motivo
de intenso debate internacional. O comitê
de monitoramento da Suprema Corte da Índia
já se pronunciou contra a chegada do
navio no país, que caracterizou como
uma violação da Convenção
de Basiléia. No entanto, o governo
francês se nega a reconsiderar sua decisão
de enviar o porta-aviões contaminado
com centenas de toneladas de substâncias
tóxicas.
O destino final do navio
seria a usina de desmonte de Alang, na Índia.
"O Clemenceau representa uma ameaça
ao meio ambiente da Índia e aos trabalhadores
da usina de desmonte que entrarão em
contato com todo esse material tóxico,
sem a devida proteção",
afirmou Jacob Hartmann, ativista a bordo do
navio do Greenpeace que parou a rota do Clemenceau
em águas internacionais.
“Em vez de realizar uma
descontaminação segura do navio,
a França está tentando despejar
todo esse resíduo contaminado sobre
algumas das pessoas mais pobres do mundo.
Isso é uma atitude absolutamente repreensível
de um país que se diz uma nação
civilizada,” afirmou Jim Puckett, da Basel
Action Network, que atua contra o comércio
ilegal de substâncias tóxicas.
O Greenpeace exige que o
governo francês leve de volta o Clemenceau
ao seu país e só libere sua
saída da Europa depois de totalmente
descontaminado.