07/01/2006
– Excesso de população em pequenos
territórios. Na avaliação
do analista pericial em Antropologia do Ministério
Publico Federal em Dourados (MS), Marcos Ferreira
Lima, essa é a situação
perfeita para a eclosão de conflitos
indígenas, que, segundo ele, é
o principal problema da região de Mato
Grosso do Sul.
"O número de
índios mortos por causa de violência
deveria incluir tanto a mortalidade infantil
como as mortalidades geradas por conflitos
entre índios e índios e pelos
conflitos ligados a questões fundiárias,
que seria a violência com proprietários
rurais", analisa Lima, acrescentando
que, em todos esses casos, a questão
fundiária continua sendo a principal
razão para as mortes. "Os índios
estão concentrados em pequenas reservas
e em áreas concentradas. Nesta situação,
os pais enfrentam uma extrema dificuldade
de suprir as necessidades alimentares de seus
filhos, o que muitas vezes leva à mortalidade
infantil por fome, diarréia ou por
água contaminada", acentua.
Ele ressalta que o excesso
de população em pequenos territórios
também aumenta o conflito entre as
etnias. "Se você tem uma briga
com o vizinho e não pode mudar de lugar
porque esse espaço é diminuto,
o mecanismo de negociação de
conflito acaba não existindo",
afirma.
De acordo com Lima, ao ficarem
restritos em pequenas reservas, os índios
acabam por reivindicar o direito que lhes
é concedido pela Constituição
Federal, que é o direito às
terras tradicionalmente ocupadas. "Quando
fazem isso, eles acabam entrando em conflito
com o poder local", diz.
No ano passado, o Conselho
Indigenista Missionário (Cimi) registrou
o assassinato de 38 indígenas no país
– a maior parte dos casos, ocorreu no Mato
Grosso do Sul. De acordo com a entidade, esse
é o maior número de vítimas
desde 1994, quando 45 indígenas foram
mortos no país.