18/01/2006
– O estudo Saúde Brasil 2005, do Ministério
da Saúde, revela que a mortalidade
indígena entre as crianças é
maior do que entre os índios com mais
de 70 anos. Mais de 30% das mortes de índios
registradas em 2003 ocorreram entre menores
de cinco anos (659 óbitos), enquanto
27,5% do total verificou-se entre as pessoas
com mais de 70 anos.
Segundo o estudo, o segmento
indígena é o único em
que esse fenômeno ocorre. Em todos os
outros (brancos, pretos, pardos e amarelos),
a proporção de mortes é
maior entre os mais velhos. Entre a população
branca, por exemplo, metade das mortes registradas
em 2003 ocorreu entre idosos e de cada 100
mortos apenas 5,1 eram menores de cinco anos.
O estudo destaca que a mortalidade entre os
índios com idade até 5 anos
"suscita urgência de desenvolvimento
de ações, programas e políticas
de saúde direcionadas a esta população".
O diretor do Departamento
de Saúde Indígena da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), José
Maria de França, disse que as ações
de atendimento básico estão
contribuindo para reverter esse quadro. "Se
continuarmos o trabalho na condição
em que nós estamos fazendo, se os indicadores
continuarem assim [reduzindo-se], com pouco
tempo, vamos ter uma mortalidade muito baixa",
afirmou.
A mortalidade na população
indígena como um todo é mais
grave na Região Norte, com 1,4% de
todos os óbitos registrados em 2003,
seguida do Centro-Oeste, 0,9%. No Norte, a
mortalidade entre as crianças com menos
de um ano de idade é 2,7 vezes maior
do que entre todas as crianças dessa
faixa etária na região. Os dados
usados no estudo levam em consideração
tanto a população indígena
que vive nas aldeias, cerca de 438 mil pessoas,
quanto a das áreas urbanas, 332 mil.
Outro levantamento, feito
pela Funasa, que leva em consideração
apenas os índios das aldeias, registra
significativa queda na mortalidade infantil
nos últimos anos. Em 2000, foram 74,6
mortes entre crianças para cada 1.000
nascidos vivos contra 47,7 mortos para cada
1.000, em 2004. No ano passado, com 68% dos
dados consolidados, o registro é de
28,5 para cada 1.000.