(19/01/06)
- Do próximo sábado até
o carnaval, a Gerência do Ibama de Eunápolis,
na Bahia, e a Polícia Rodoviária
Federal realizarão operação
de esclarecimento e fiscalização
contra o comércio ilegal de animais
silvestres às margens da BR-101. A
Operação Chauá, que tem
o nome de um papagaio típico do extremo
sul da Bahia - um dos mais traficados e, por
isso mesmo, em extinção - prevê
a vigilância móvel e bloqueios
na estrada. Além de autuar e multar
quem vende espécies da fauna silvestre,
fiscais e policiais deterão compradores
e transferirão animais para criadouros
conservacionistas.
O Ibama está buscando
também o apoio da imprensa, para orientar
sobre a importância dos viajantes não
adquirirem os animais. “Quem for pego será
enquadrado no artigo 29 da lei 9.605 (Lei
de Crimes Ambientais). Este comércio
aparentemente provinciano alimenta o tráfico
internacional de animais, submetendo-os a
variadas crueldades durante o transporte para
escondê-los da polícia, em portos,
aeroportos e regiões de fronteira”,
afirma a analista ambiental do Ibama de Eunápolis,
Lígia Ilg.
O comércio de pássaros
à beira de rodovias ocorre o ano todo,
mas cresce na temporada de férias e
se concentra no Nordeste, onde a posse de
animais silvestres é, apesar do mau
hábito, uma tradição.
Além do papagaio de cabeça vermelha,
os mais vendidos na estrada são o periquito-rei,
o pássaro jandaia, o chorão,
o papa-capim e o canário da terra.
O periquito-rei lidera o ranking de ofertas.
O Chauá é
um papagaio muito bonito. Tem a cabeça
vermelha e, apesar do risco de extinção,
é dos mais vendidos pelos infratores,
muitos deles moradores da zona rural, que
se postam em locais estratégicos da
rodovia à cata de turistas provenientes,
sobretudo, do Rio de Janeiro e de São
Paulo. Entre os infratores há grande
número de adolescentes, que vendem
pássaros em caixinhas de madeira, com
o objetivo de engordar o orçamento
da família. Meninos e meninas são
usados como vendedores pelos pais, para amenizar
punições legais, caso sejam
surpreendidos pela fiscalização.
No caso de serem presos,
os infratores são levados até
a delegacia de polícia mais próxima.
Se forem jovens, é lavrado o Termo
Circunstanciado, um tipo de boletim de ocorrência.
Os pais, como responsáveis diretos,
são identificados e passam a responder,
como qualquer outro adulto detido em flagrante
por crime ambiental, podendo ser condenados
à pena de seis meses a um ano de prisão
e ao pagamento de multa de R$ 500 por pássaro
apreendido. A multa aumenta em R$ 5 mil reais
por espécie em extinção
encontrada em poder do infrator. “Nosso principal
objetivo não é punir, embora
seja essencial reprimir o delito. Mas, sim,
educar a população para a necessidade
de preservação da diversidade
das espécies”, finaliza Lígia.