16/01/2006
- O presidente da Organização
de Seringueiros de Rondônia (OSR), Osvaldo
Castro de Oliveira, contestou hoje (16) os
resultados parciais da investigação
policial sobre o assassinato do presidente
da Associação de Seringueiros
do Vale do Anari (Asva), João Batista.
Em entrevista à Radiobrás
, Oliveira disse que os seringueiros não
acreditam que o secretário municipal
de obras de Vale do Anari (RO) e vereador
do município, Walter Bispo, seja o
mandante da execução. "A
notícia do crime correu e houve um
desvio de finalidade da investigação",
acusou o presidente da OSR.
O porta-voz da Secretaria
de Segurança Pública de Rondônia,
Dalton de Franco, afirmou que o crime já
está desvendado e que a polícia
procura agora apenas o autor dos disparos
que mataram Batista no último dia 26
de dezembro.
"O vereador foi interrogado
e confessou o crime. Disse que pagou R$ 1.500
e que forneceu o revólver para o assassinato",
informou Franco. Segundo ele, Bispo foi indiciado
por assassinato, mas responde ao processo
em liberdade. "Ele estava envolvido com
a ex-mulher da vítima e vinha sendo
ameaçado pelo Batista. O motivo foi
passional".
Para os seringueiros, o
assassinato de João Batista foi ordenado
por garimpeiros, madeireiros ou grileiros
que estão invadindo a Reserva Extrativista
(Resex) Estadual de Acariquara, localizada
em Vale do Anari. Em outubro de 2004, graças
uma denúncia dele à Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Ambiental, um
grupo de garimpeiros foi expulso da área.
Em setembro do ano passado,
Batista fez parte do grupo de lideranças
que foi a Brasília entregar à
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, um
dossiê sobre os conflitos nas reservas
extrativistas estaduais do Rondônia.
Outros dois integrantes da comitiva estão
ameaçados de morte: Antônio Teixeira,
presidente da Associação de
Moradores da Resex Rio Preto Jacundá
(Asmorex) e Chico Leonel, presidente da organização
não-governamental Bem-te-Vi, que atua
na Resex Jaci Paraná.
"Após a divulgação
na imprensa, a polícia nos ligou e
pediu que registrássemos ocorrência
das ameaças. Mas não garantiu
a segurança deles", contou Oliveira.
"Amanhã começará
nossa assembléia e nós vamos
discutir o que fazer quanto a essas ameaças.
Também pretendemos elaborar um relatório
sobre o assassinato do Batista, para ser entregue
ao Ministério Público Federal."
A OSR reúne dez associações
extrativistas do estado. A assembléia
geral da entidade acontece a cada três
anos. Ela deve reunir em Porto Velho cerca
de 90 seringueiros, durante dois dias.