17/01/2006
- Dos 97 quilômetros de praias do litoral
paranaense, apenas 6,8 quilômetros estão
impróprios para banho, de acordo com
o quinto boletim de balneabilidade, divulgado
pelo IAP (Instituo Ambiental do Paraná).
Nos trechos impróprios, 34 barracas
vermelhas indicam aos banhistas que o local
está contaminado. Há 16 temporadas,
o IAP monitora a qualidade da água,
mas apenas em 2003 os pontos passaram a ser
divulgados e sinalizados.
A forma de divulgação
e orientação adotada pelo IAP,
através das barracas vermelhas instaladas
na orla e as barracas azuis indicando os pontos
próprios para banho - vêm sendo
aprovada pelos veranistas e moradores do litoral.
O bancário Benedito
Antônio Alves Neto, morador de Cruzeiro
do Oeste, disse que a sinalização
é importantíssima para pessoas
que, como ele, se deslocam do interior do
Estado para passar as férias no litoral
apenas uma vez a cada ano e não sabem
onde estão os pontos de emissão
de esgoto. “A orientação que
recebi ao chegar demonstra seriedade na praia.
As pessoas que estão no litoral sabem
que estão seguras e estão sendo
informadas. O governo cumpre seu papel e nós
ficamos com nossos filhos seguros”, disse
Benedito, acompanhado da filha Débora
Souza Alves, de 11 anos.
Ao observar um comerciante
reclamando da instalação da
barraca em frente ao seu estabelecimento,
a também comerciante do município
de Morretes Rosangela Maranho considerou absurda
a crítica e disse que a divulgação
não “espanta” de forma alguma os turistas.
“Eu sou comerciante e veranista e acho que
um estabelecimento se sustenta pelo seu atendimento
e não pela água do mar estar
contaminada ou não. Os comerciantes
têm família também que
freqüentam a praia e deveriam estar felizes
por saber onde estão os locais contaminados
que podem trazer doenças para seus
próprios filhos”, opinou Rosangela.
A tratadora de aves Josefina
Leonilda Ribeiro veio de São Paulo
pela primeira vez ao litoral do Paraná
e disse que retornará no próximo
ano. Ela estava na areia, em uma área
não indicada para entrar no mar. “Estou
apenas pegando sol aqui, porque sei que este
local é impróprio para banho.
Caso resolva ir para água, sei que
o Paraná tem outros 90 quilômetros
de praias próprias para banho”, ressaltou.
Segundo ela, a informação repassada
pelos estagiários que estão
nas barracas do IAP é exemplar e que
a medida deveria ser adotada pelo litoral
de São Paulo. “Freqüento há
anos as praias de Santos e Praia Grande, mas
o cheiro de esgoto nestes locais é
tão grande que resolvi mudar o roteiro.
Acho louvável a iniciativa paranaense”,
finalizou.
Orientação
– A estudante de pedagogia da Universidade
do Litoral Rosemara Martins Leal trabalha
em uma das barracas “vermelhas” do IAP – instalada
próximo ao Rio Matinhos, um dos pontos
de maior emissão de esgoto. O rio foi
interditado pelo IAP com faixas e cones. “Hoje
não temos ninguém na água
e continuamos orientando as pessoas para que
não atravessem o rio por dentro porque
ele tem esgoto. Todos os dias, os veranistas
nos agradecem pelo serviço que estamos
prestando e esse reconhecimento é muito
bom”, confessou Rosemara.
No mesmo ponto onde Rosemara
trabalha, em Matinhos, a cozinheira Sônia
Regina Pereira mora há mais de 20 anos
com sua família. “Nunca soube que esse
rio continha esgoto e que a água era
imprópria. Fico muito feliz com o esclarecimento,
porque tenho netos e filhos pequenos, que
agora não deixo mais entrar na água
contaminada”, disse Sônia.