18/01/2006
– A Fundação Nacional do Índio
(Funai) tem procurado se aproximar mais da
Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) para melhorar o atendimento na área
da saúde indígena. A afirmação
é do vice-presidente da Funai, Roberto
Lustosa. Ele disse que, desde a transferência
dessa atividade para a Funasa, em 1999, existe
um "emperramento burocrático"
que torna o serviço mais lento.
"Nós sentimos
que há um emperramento burocrático
na instituição [Funasa], que
a nova direção está procurando
corrigir, e esse emperramento burocrático
é a causa dessa lentidão",
afirmou Lustosa em entrevista à Rádio
Nacional.
Com a aproximação
recente entre os dois órgãos,
a Funai pretende ter maior participação
na elaboração e execução
das políticas públicas de saúde
indígena. Lustosa explicou que a intenção
é passar a experiência dos profissionais
da Funai com a questão indígena
para os agentes de saúde.
Segundo ele, os funcionários
da Funai ficavam em postos próximos
às aldeias e tinham postura de missionários,
dispostos a atender os índios a qualquer
hora. "O que nós estamos tentando
é fazer esse trabalho de reeducação
dos agentes de saúde da Funasa para
que eles tenham essa prontidão que
tinham os nossos agentes na época em
que a saúde era da responsabilidade
da Funai", disse Lustosa.
Para ele, a transferência
de responsabilidade para a Funasa trouxe prejuízos
para o atendimento da população
indígena, principalmente, pelo fato
de o serviço ter sido transferido para
as áreas urbanas. "A maioria dos
atendimentos aos índios é feito
fora da aldeia, na cidade. Para nós
e para os índios, é um grande
inconveniente, porque isso os obriga a fazer
deslocamentos que poderiam ser desnecessários",
afirmou. De acordo com Lustosa, nesses deslocamentos,
os índios acabam expostos a uma série
de riscos e de contato com situações
em zonas urbanas que poderiam ser evitados.
Na opinião de Lustosa,
a mudança provocou disputa entre as
duas instituições. "Houve
uma espécie de um divórcio entre
a Funai e a Funasa que perdurou até
os últimos meses, quando nós
resolvemos dar outra forma de tratamento à
questão, procurando estabelecer uma
ponte de cooperação com a Funasa".
A entrada da Funasa no trabalho
de atendimento médico à população
indígena trouxe mais recursos para
a área. Segundo Lustosa, o orçamento
destinado pela instituição a
essa área, cerca de R$ 260 milhões
por ano, é mais do que o dobro de todo
o orçamento da Funai. Para ele, a distância
entre as fundações provoca dispersão
dos recursos. "Isso tem que acabar, ou
seja, esses órgãos têm
que trabalhar juntos, porque é inaceitável
que os recursos disponibilizados para assistência
ao índio se dispersem e se percam,
em vez de serem multiplicados e potencializados
por uma ação conjunta se dispersem
e se percam", concluiu.