24/01/2006 - Após
um período de nove meses registrando
níveis abaixo dos índices históricos,
as águas do Rio Paraguai, em Ladário,
município do Estado de Mato Grosso
do Sul, voltam a atingir a normalidade em
janeiro desse ano, conforme aponta levantamento
feito pela Embrapa Pantanal (Corumbá,
MS) – unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA).
O Serviço de Sinalização
Náutica d’Oeste do 6º Distrito
Naval da Marinha do Brasil informou que o
nível na régua ladarense, no
último dia 23 foi de 1,89 metro – marca
poucos centímetros superior à
média histórica de 1900 a 2004,
para essa época do ano, que é
de 1,80 metro.
Comparando-se o nível
dos últimos doze meses com a média
histórica de anos anteriores é
possível observar que durante o período
de abril a dezembro de 2005, o nível
das águas do Rio Paraguai, medido na
régua de Ladário, ficou em média
67 centímetros abaixo do normal, avalia
o pesquisador da Embrapa Pantanal, o hidrólogo
Sérgio Galdino. “É importante
lembrar que a cheia de 2005 foi a segunda
menor desde 1974, com nível máximo
de 3,29 metros e, que, em novembro foi registrado
o menor nível do Rio Paraguai, em Ladário,
dos últimos 32 anos, que foi de apenas
88 centímetros”, destaca.
A fase de enchente no Pantanal
Brasileiro é um fenômeno natural
no ciclo de vida da região e ocorre
anualmente. Mas, nesse ano, Galdino lembra
que a enchente está sendo acompanhada
com expectativa. “Se o nível máximo
do rio for inferior a quatro metros, como
ocorreu no ano anterior, poderemos estar diante
de um novo ciclo de seca no Pantanal Brasileiro”,
afirma o hidrólogo.
Galdino esclareceu que o
Pantanal atravessa o seu período chuvoso
(de outubro a março), e que durante
esse período, é importante ressaltar
o comportamento diferenciado do Rio Paraguai
no Pantanal, em relação aos
seus afluentes. Ele explica que o Rio Paraguai
constitui o principal dreno coletor das águas
do Pantanal e planaltos adjacentes, ou seja,
da Bacia do Alto Paraguai. Por apresentar
reduzida declividade e vasta planície
de inundação, as águas
deslocam-se lentamente ao longo do Rio Paraguai
no Pantanal. Isso faz com que o rio atinja
o seu nível máximo, na maioria
das vezes, dois ou mais meses após
o término do período chuvoso
na Bacia.
Já seus afluentes,
como os Rios Cuiabá, São Lourenço,
Piquiri, Taquari, Negro, Aquidauana, Miranda
e Apa, nascem em áreas de planalto,
portanto de maior declividade, o que favorece
o rápido escoamento das águas
da chuva, propiciando a ocorrência de
cheias intensas e de curta duração,
de no máximo alguns dias, como a que
ocorreu recentemente no Rio Taquari, na cidade
de Coxim. Assim, até o término
do período chuvoso é normal
ocorrerem cheias esporádicas nesses
rios, enquanto as águas do Rio Paraguai
estão subindo calmamente", explicou.
Previsões – A partir
de março, a Embrapa Pantanal deverá
divulgar as suas previsões iniciais
sobre a intensidade da cheia de 2006, por
intermédio do método probabilístico,
desenvolvido por pesquisadores da Unidade.
Os interessados em acompanhar o comportamento
dos Rios Paraguai e Cuiabá, no Pantanal,
com antecedência de até quatro
semanas, podem acessar as previsões
semanais da Companhia de Pesquisa em Recursos
Minerais (CPRM), através do seguinte
endereço na internet: http://www.cprm.gov.br/rehi/pdf/prev.pdf.